Artes/cultura
09/09/2023 às 06:30•2 min de leitura
Uma tradição cultural herdada dos nossos vizinhos da América do Sul, a “siesta” ou cochilo revigorante após o almoço é um costume adotado por muitas pessoas no Brasil. Vista por alguns como um luxo, a prática é considerada por seus seguidores como uma confortável estratégia para manter o estado de alerta e o bem-estar para o resto do dia.
Mas, cientificamente falando, a prática diária de cochilar durante o dia pode trazer tanto vantagens quanto desvantagens, dependendo do seu período de duração. A afirmação é do especialista em dor orofacial e médico do sono Steven Bender, professor da Texas A&M University, em College Station, nos EUA.
Em artigo publicado segunda-feira (28) na plataforma The Conversation, o especialista explica que cochilos curtos de 20 a 30 minutos podem melhorar o funcionamento mental e a memória. Além disso, um breve período de sono diário tem reflexos positivos no estado de alerta, na atenção e no tempo de reação.
(Fonte: GettyImages)
De acordo com Bender, a prática dos cochilos curtos é tão benéfica para o aumento da produtividade, que algumas empresas têm introduzido salas de cochilo no ambiente de trabalho, para capitalizar os benefícios dos curtos períodos de sono, que também melhoram o pensamento criativo.
"Parece que o cérebro usa a hora da soneca para processar as informações coletadas ao longo do dia", diz o especialista em medicina do sono. Além de melhorar a capacidade de resolver problemas, os cochilos curtos comprovadamente aumentam a eficiência na execução das tarefas diárias, pois as pessoas ficam menos frustradas e impulsivas.
Por isso, Bender recomenda que os cochilos ocorram no início da tarde, para coincidirem com a diminuição dos níveis de energia pós-almoço e com o mergulho circadiano natural do corpo (diminuição do estado de alerta à tarde). Por outro lado, recomenda o médico, "evite cochilos no final da tarde, termine o cochilo pelo menos quatro a seis horas antes de dormir e crie o ambiente certo, cochilando em um espaço silencioso, confortável e pouco iluminado".
(Fonte: GettyImages)
A primeira condição desagradável que ocorre após cochilos com mais de 30 minutos é a chamada inércia do sono, aquela sensação de ainda estar meio adormecido, confuso e lento depois de acordar, mesmo quando o sono é satisfatório. Esse torpor prejudica a função cognitiva e pode durar de alguns minutos até meia hora.
Essas sonecas compridas ou no final da tarde podem levar à interrupção do ciclo regular de sono-vigília. Finalmente, alerta Bender, os riscos de cochilos superiores a 30 minutos são particularmente perigosos para pessoas com 60 anos ou mais.
Pesquisas mostram que idosos que cochilam por mais de uma hora por dia têm uma incidência maior de aumento da pressão arterial, hiperglicemia (açúcar no sangue), excesso de gordura corporal e aumento dos níveis de colesterol e triglicérides.