Ciência
04/12/2023 às 10:00•2 min de leitura
Um pequeno dispositivo promete ser uma opção para restaurar a mobilidade de pessoas com paralisia dos membros inferiores, diz um novo estudo. Atualmente, a condição afeta aproximadamente 1,4 milhão de pessoas somente nos Estados Unidos.
O tratamento envolve um estimulador espinhal, que pode ser colocado abaixo do local da lesão por meio de uma simples injeção. Essa é uma grande diferença em relação aos estimuladores convencionais, que são volumosos e devem ser implantados mais longe dos nervos que controlam os movimentos das pernas.
(Fonte: GettyImages)
Em comunicado oficial, o autor do estudo e pesquisador do Instituto Johns Hopkins de NanoBioTecnologia, Dinchang Lin, destacou a importância desse tipo de estudo. “O conceito por trás dos estimuladores espinhais é sua capacidade de contornar regiões lesionadas, enviando comandos motores essenciais do cérebro para a região espinhal responsável pelos movimentos das pernas”, disse.
De acordo com Lin, a abordagem inovadora adotada por sua equipe de pesquisa aborda um desafio importante enfrentado por muitas tecnologias existentes de estimuladores espinhais: alcançar a estimulação precisa da maneira menos invasiva possível. Os estimuladores espinhais convencionais são implantados na superfície dorsal da medula espinhal ou diretamente no tecido espinhal.
Contudo, os cientistas julgam que nenhuma dessas estratégias é ideal. Enquanto a primeira delas compromete a capacidade do implante de atingir com precisão nervos importantes, a última não só causa danos ao tecido durante a cirurgia de implantação, mas também levanta questões importantes de biocompatibilidade.
Então, Lin e sua equipe identificaram pela primeira vez um novo local para estimulação: a superfície epidural ventrolateral. Localizada muito próxima dos neurônios motores cruciais da medula espinhal e acessível sem cirurgia, essa área do corpo seria a mais compatível para que esse tipo de procedimento funcionasse sem maiores problemas.
(Fonte: GettyImages)
Após identificarem a região do corpo para receber o implante, os cientistas projetaram um dispositivo em nanoescala, ultraflexível e extensível que pode ser inserido por meio de um pequeno injetor e uma simples bomba de seringa. "Aplicando essa nova tecnologia em um modelo de camundongo, evocamos movimentos das pernas usando uma corrente elétrica quase duas ordens de grandeza menor que a usada na estimulação dorsal tradicional", disse Lin.
O pesquisador ainda comentou que o estimulador criado por eles não apenas permitiu uma gama mais ampla de movimentos, mas também tornou possível programar o padrão de estimulação do conjunto de eletrodos, o que resultou em movimentos mais complexos e naturais das pernas — que lembram passos, chutes e acenos.
Os investigadores esperam que essa tecnologia, caso seja comprovada como segura e eficaz para a utilização em humanos, possa algum dia ajudar a restaurar a função das pernas em pessoas com lesões na medula espinhal ou doenças neuromotoras. Os investigadores também acreditam que seu método de implantação pouco invasivo poderia torná-lo acessível a mais pessoas.
De todo modo, Lin e os membros de sua equipe planejam continuar trabalhando no dispositivo visando eventuais testes clínicos em humanos em um futuro próximo.