Parte pouco conhecida do corpo pode ser a origem de diversas dores

15/01/2024 às 14:002 min de leitura

Você já deu atenção à sua fáscia? Talvez nunca diretamente, mas saiba que, além dos músculos e ossos, as atividades físicas também fortalecem essa estrutura do corpo humano que mal se ouve falar.

A fáscia é uma parte do tecido conjuntivo que fornece força e proteção a órgãos, vasos sanguíneos, ossos, fibras nervosas e músculos. Além disso, a fáscia é feita praticamente só de colágeno, sendo bastante fina e muitas vezes imperceptível. 

Sabe aquelas fininhas linhas transparentes na superfície ou entre camadas de um bife? Pois, então, essa é a fáscia. A estrutura está espalhada por todo o corpo, tendo funções diversas. Agora, porém, os cientistas estão compreendendo mais sobre seu papel na saúde dos ossos e músculos.

Diferentes representações da fáscia. (Imagem: Reprodução/Twitter)Diferentes representações da fáscia. (Imagem: Reprodução/Twitter)

Origem da dor

A fáscia é como um invólucro que “abraça” o músculo e permite que um conjunto muscular não interfira no funcionamento do outro. Entretanto, novos estudos mostram que ela não desempenha apenas as funções de sustentação e conexão entre as estruturas: a fáscia também auxilia na contração das células musculares.

Um exemplo desse funcionamento está no tornozelo: o tendão de Aquiles transfere a força vertical para a fáscia plantar (na planta do pé) na horizontal, permitindo o movimento do pé. Porém, a pouca irrigação sanguínea das fáscias requer atenção: lesões podem demorar muito para regenerar.

Ainda que pouco irrigada, a fáscia pode chamar atenção por outros componentes. A fáscia superficial, entre a derme e a gordura, só perde em quantidade de terminações nervosas para a própria pele, indicam descobertas mais recentes. Assim, estimativas apontam que até 30% das dores relacionadas a cirurgias plásticas, lesões esportivas e envelhecimento podem ter origem na fáscia.

Até 30% das dores podem ter origem fascial. (Imagem: Unsplash)Até 30% das dores podem ter origem fascial. (Imagem: Unsplash)

Tratamento e terapias

A fáscia sempre foi de difícil visualização, principalmente em diagnósticos por imagens. Atualmente, pelo menos, a ressonância magnética e a ultrassonografia estão se mostrando eficazes na visualização da fáscia, principalmente em lugares como pé, ombro e pescoço. A fascite plantar, por exemplo, afeta de 5 a 7% da população, subindo para 22% entre os atletas. O diagnóstico rápido contribui para a recuperação.

Nos anos 1980, o fisioterapeuta italiano Luigi Stecco desenvolveu uma manipulação fascial que alivia dores principalmente no tendão abaixo da rótula. Técnicas semelhantes de massagem também se mostraram eficazes para aliviar dores crônicas no ombro, mas ainda assim não são numerosas.

A fita kinésio, muito usada em fisioterapia, funciona como uma “fáscia externa”, dando suporte a músculos de maneira semelhante à natural. Por isso, novas compreensões da estrutura podem gerar modernas técnicas de tratamento e prevenção de dores.

Também é preciso compreender o papel da fáscia em espalhar infecções sobre seu tecido. No pescoço, rico em camadas de fáscia, isso pode ser um perigo ainda não muito conhecido pela ciência.

A bandagem atua sobre grupos musculares específicos, assim como a fáscia. (Imagem: Pexels)A bandagem atua sobre grupos musculares específicos, assim como a fáscia. (Imagem: Pexels)

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