Estilo de vida
03/08/2024 às 08:00•2 min de leituraAtualizado em 03/08/2024 às 08:00
A apneia do sono é uma condição comum que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada por interrupções na respiração durante o sono. Além de causar fadiga e problemas cognitivos, a apneia do sono está fortemente associada à hipertensão, aumentando o risco de doenças cardiovasculares.
Um estudo recente conduzido pelo professor David Kline, da Universidade de Missouri, e publicado no Journal of Physiology, revelou os mecanismos cerebrais que contribuem para esses problemas, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos.
Quando os níveis de oxigênio no sangue caem durante os episódios de apneia do sono, o prosencéfalo envia sinais de alerta para o tronco cerebral, que controla as funções cardíacas e pulmonares. Esse processo de alerta envolve dois neuroquímicos principais: a oxitocina e o hormônio liberador de corticotrofina (CRH). Esses neuroquímicos fazem com que o tronco cerebral se torne hiperativo, o que, ao longo do tempo, leva à hipertensão.
A hipertensão induzida pela apneia do sono aumenta o risco de acidente vascular cerebral e complicações metabólicas, e afeta significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, a privação de sono resulta em problemas cognitivos, de memória e uma maior propensão a lesões no trabalho devido à sonolência.
Aproximadamente 30% da população mundial sofre de apneia do sono, e milhões de pessoas usam máquinas de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) para controlar a condição. No entanto, essas máquinas são muitas vezes desconfortáveis e caras, levando muitos a desistirem do tratamento.
Identificar o papel da oxitocina e do CRH na apneia do sono pode revolucionar o tratamento da hipertensão associada à condição. Segundo Kline, o objetivo é desenvolver medicamentos que visem esses neuroquímicos ou as proteínas às quais eles se ligam, ajudando a normalizar a pressão arterial. Esse avanço pode trazer alívio significativo para os pacientes com apneia do sono, e também abrir novas oportunidades para o tratamento de outros distúrbios cardiovasculares e respiratórios.
A recente pesquisa oferece uma nova perspectiva sobre como o cérebro responde à apneia do sono e suas consequências para a saúde cardiovascular. As descobertas sobre a oxitocina e o CRH podem levar ao desenvolvimento de terapias mais eficazes e menos incômodas do que as máquinas CPAP atuais. Continuar explorando esses mecanismos cerebrais é essencial para melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas afetadas por essa condição debilitante.