Exames de sangue explicam porque há tantas pessoas com 100 anos no mundo

04/07/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 04/07/2024 às 18:00

Da década de 1970 para cá, o grupo demográfico que mais cresceu na população mundial, o dos centenários, vem dobrando seu número de sobreviventes a cada dez anos, sem nenhuma causa aparente.

Tentando entender os motivos pelos quais essa galera idosa passou a viver mais, e levando uma vida saudável, um grupo de cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, realizou o maior estudo comparativo de perfis de biomarcadores medidos durante a vida já feita até hoje. O artigo com os resultados foi publicado ano passado na revista GeroScience

Comparando perfis de pessoas excepcionalmente longevas com as de vida mais curta, os autores concluíram que a maioria dos centenários mostrou perfis de biomarcadores bastante homogêneos. A boa notícia é que esses valores já ficam disponíveis a partir dos 65 anos, permitindo que as pessoas tenham um vislumbre da sua longevidade em exames de sangue corriqueiros.

Como foi feita a pesquisa sobre a longevidade a partir de 100 anos?

X. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Doze biomarcadores foram incluídos na metodologia. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

O estudo comparou perfis de biomarcadores de pessoas que passaram dos 100 anos com seus pares de vida mais curta, e analisou a possível associação entre os valores observados e a chance de se tornar centenário. A coorte, parte de um estudo epidemiológico chamado AMORIS, incluiu 44 mil indivíduos com idades entre 64 e 99 anos

Doze biomarcadores sanguíneos foram incluídos na metodologia e relacionados à inflamação (ácido úrico), metabolismo, função hepática e renal, potencial desnutrição e anemia.

Da população analisada por até 35 anos, 1.224, ou 2,7% do total, viveram até os 100 anos.

O que os cientistas descobriram sobre as pessoas com mais de 100 anos?

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Centenários têm níveis mais baixos de glicose, creatinina e ácido úrico. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Tentando determinar a probabilidade de completar 100 anos, os autores descobriram que todos os 12 biomarcadores (exceto ALAT e albumina) mostraram conexões diretas com a longevidade. Por exemplo, pessoas que sopraram 100 velinhas têm uma tendência a apresentar níveis mais baixos de glicose, creatinina e ácido úrico a partir dos 60 anos.

Por outro lado, pessoas com níveis mais altos nesses três marcadores, e também nos da função hepática, têm uma chance maior de partir antes dos 100. A baixa probabilidade de se tornar um centenário também se estende aos que estão no mais baixo dos cinco grupos para os níveis de colesterol total e ferro

Embora, no geral, essas diferenças tenham sido bastante pequenas, elas revelaram uma potencial ligação entre saúde metabólica, nutrição e longevidade excepcional. E mesmo sem conseguir identificar os fatores responsáveis pelos valores dos exames de sangue, ficou claro que controlar nossos marcadores renais e hepáticos, bem como glicose e ácido do úrico, pode ser uma valiosa dica para quem deseja colocar três dígitos em sua idade.

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