Artes/cultura
10/07/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 10/07/2024 às 12:00
Recentemente, chamou a atenção o caso de uma médica veterinária brasileira de 27 anos que anunciou estar buscando recursos para ir para a Suíça realizar a eutanásia, onde o procedimento é legalizado. Ela quer encerrar a própria vida por conviver desde os 16 anos com uma dor crônica causada pela Neuralgia do Trigêmeo.
Trata-se de uma condição de saúde que causa dores intensas e constantes na face, e que já foi categorizada como a "pior dor do mundo".
A neuralgia do trigêmeo é uma doença crônica que atinge o nervo trigêmeo, localizado na face, desde a testa até o fim do queixo. Ele é responsável por permitir a nossa sensibilidade na pele nessa área.
A hipótese mais forte é que essa doença seja causada por uma compressão de um vaso sanguíneo sobre as raízes do nervo. Ela também pode estar relacionada a outras enfermidades, como esclerose múltipla, isquemias vasculares, tumores do ângulo pontocerebelar e tumores do próprio nervo.
Trata-se de uma dor crônica, pois ela perdura por mais de três meses. Inclusive, ela pode se tornar incapacitante, afastando o paciente de atividades sociais e profissionais. Os relatos são de uma dor permanente semelhante a um choque em um dos lados do rosto. Mas, quando há uma crise, chamada de paroxística, a dor pode permanecer por meses.
O problema é que, depois dos períodos de remissão da dor, ela costuma voltar mais forte, e passa a ser desencadeada por qualquer estímulo sensorial na face, como o ato de mastigar, falar e escovar os dentes. Até um vento frio pode provocar um choque no rosto.
Por se tratar de uma dor permanente e incômoda, é muito comum que os pacientes desenvolvam depressão, já que precisam conviver com um desconforto terrível e que nunca se encerra.
Infelizmente, a neuralgia do trigêmeo não tem cura. O que existe são tratamentos que buscam controlar a dor e melhorar a qualidade de vida do paciente. E o mais preocupante é que se trata de uma enfermidade relativamente comum: 4,5 por 100 mil indivíduos no Brasil possuem essa condição.
No caso de suspeita sobre esse tipo de situação, as especialidades da medicina recomendadas para o diagnóstico da doença são a neurologia e a neurocirurgia, que atuam em tratamentos combinados com otorrinolaringologistas e cirurgiões bucomaxilofaciais.
Como essa doença não reage tão bem aos analgésicos mais comuns, como o paracetamol ou a dipirona, é preciso haver o acompanhamento permanente, para que o médico avalie o uso de outras drogas. Há ainda a possibilidade de cirurgia como uma forma de combater as dores, por meio da descompressão neurovascular, rizotomia por radiofrequência ou glicerol.
Outro tratamento usado é a inserção de um balão de compressão inserido dentro da bochecha do paciente, oferecendo conforto para um longo tempo, com taxas de controle da dor que podem chegar a 91% em 6 meses.
A boa notícia é que os pesquisadores seguem investigando tratamentos novos para essa questão. Recentemente, cientistas do Instituto de Física de São Carlos tiveram resultados muito positivos ao testar uma terapia com laser de baixa potência como tratamento complementar aos medicamentos usados pelos pacientes.
Vale lembrar que o caso da veterinária brasileira, que sofre com dores incapacitadas e que não respondem aos tratamentos, é uma exceção. Segundo o neurocirurgião Marcelo Senna, que acompanha o caso da jovem, a maior parte dos pacientes responde bem a medicamentos.