Ciência
04/07/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 04/07/2024 às 16:00
Filhos de mães com histórico de perda de memória podem ter um risco maior de desenvolver Alzheimer do que aquelas em que apenas o pai apresenta esquecimentos constantes. A conclusão está em um novo estudo publicado na revista JAMA Neurology no dia 17 de junho.
Conduzida por especialistas das universidades de Stanford e Harvard, nos Estados Unidos, a pesquisa avaliou dados de 4.413 indivíduos com idades entre 65 e 85 anos sem problemas cognitivos ou de memória. Essas pessoas responderam questões do Mini Exame do Estado Mental e se submeteram à Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET).
Enquanto as perguntas permitiram averiguar a função cognitiva de cada participante, a tomografia escaneou o cérebro em busca de placas amiloides, que se formam a partir da aglomeração de pedaços de proteína (beta-amiloides). A presença das placas é um dos principais indícios do desenvolvimento de Alzheimer.
Suspeita-se que as placas amiloides danifiquem e matem os neurônios, levando ao surgimento das doenças neurodegenerativas. Outro sinal de que o paciente pode ter a demência, a proteína tau não foi analisada neste estudo.
Ao analisar as tomografias, os autores notaram níveis maiores de beta-amiloides nos participantes em que a mãe possuía histórico de comprometimento da memória, independente da idade que os problemas apareceram. O mesmo foi identificado nas pessoas cujos pais apresentaram perda de memória antes dos 65 anos.
Já os voluntários que tinham somente um histórico paterno de memória comprometida de início tardio, após os 65 anos, se mostraram com níveis de beta-amiloide dentro do padrão esperado. Os índices normais também foram registrados naqueles sem história familiar de amnésia.
Os pesquisadores ainda não sabem os motivos da relação entre a herança genética materna e os riscos aumentados de Alzheimer. Mas uma das hipóteses é que isso ocorra por causa de uma disfunção nas mitocôndrias, herdadas apenas das mães.
Fornecedoras de energia para as células, as mitocôndrias possuem DNA próprio que pode sofrer mutações, levando ao mau funcionamento e comprometendo as funções cognitivas. Outras pesquisas já associaram esse problema à demência.
Após essa última descoberta, os cientistas querem investigar se o DNA materno influencia o surgimento da doença e compreender melhor a teoria da disfunção mitocondrial. As respostas podem contribuir para o desenvolvimento de novas opções de tratamento.
O Alzheimer afeta mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais 1,2 milhão no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Estima-se que o número de doentes possa dobrar nos próximos 20 anos, exigindo avanços no diagnóstico e na prevenção da enfermidade.