Ciência
15/09/2017 às 10:51•2 min de leitura
Você já deve ter ouvido aquele papo de que ouvir música clássica — especialmente as composições de Mozart — pode nos tornar mais inteligentes, certo? Bem, a verdade é que estudos apontaram que escutar qualquer coisa que nos agrade, sejam barulhos da natureza, podcasts interessantes ou heavy metal, pode melhorar a nossa habilidade de manipular formas mentalmente, portanto, isso significa que as melodias do compositor austríaco (ou de qualquer outra pessoa) não têm nenhum poder mágico sobre a inteligência humana.
Entretanto... De acordo com Yasmin Tayag, do site Inverse, experimentos conduzidos por pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Sydney, na Austrália, e da Universidade Radboud, na Holanda, revelaram que determinadas músicas têm o poder de estimular a criatividade. Mais especificamente, músicas que os ouvintes classifiquem como sendo “felizes”.
Segundo Yasmin, primeiro os cientistas analisaram estudos anteriores relacionados com a influência da música sobre o comportamento. Depois, eles selecionaram quatro composições — “Primavera”, de “As Quatro Estações”, de Vivaldi, “Adagio para Cordas”, de Samuel Barber, “Marte, o Mensageiro da Guerra”, de Gustav Holst, e “O Cisne”, de Camille Saint-Saëns — que outras pesquisas já haviam determinado ser capazes de promover os estados de espírito “feliz”, “triste”, “ansioso” e “calmo”, e separaram a seleção classificando as músicas como sendo positivas ou negativas.
Então, os pesquisadores pediram que 155 pessoas ouvissem à seleção e, depois, fizessem uma série de testes de criatividade. Os experimentos demonstraram que a música afeta a “criatividade divergente”, ou seja, aquela relacionada com a geração de novas ideias e novas perspectivas a partir da exploração de várias soluções possíveis para um mesmo problema.
Por outro lado, os cientistas não notaram nenhum efeito sobre a “criatividade convergente”, aquela relacionada com encontrar a única solução possível para um problema. Além disso, dentre as músicas que os participantes ouviram antes dos testes, a única que ofereceu efeito sobre a criatividade foi a “Primavera”, de Vivaldi, classificada previamente como a mais feliz da seleção. Caso você tenha ficado curioso, “O Cisne” era a calma da lista, “Adágio para Cordas”, a triste, e a “Marte, o mensageiro da Guerra” a associada com ansiedade.
Os cientistas não sabem ao certo o que acontece com o cérebro quando somos expostos a músicas felizes, mas eles suspeitam que a melodia possivelmente ajude a melhorar a flexibilidade cognitiva e, com isso, a nossa capacidade de considerar mais possibilidades e diferentes abordagens na hora de solucionar um problema.
Pois, com isso em mente, os pesquisadores sugerem que, sempre que você sentir que empacou na solução de algo que está te tirando do sério, pare um pouco, selecione lá uma porção de músicas que você considera como felizes, ligue o som, respire fundo e deixe que a sua criatividade aflore e ajude você a encontrar uma resposta para o seu problema. Não custa nada tentar, não é mesmo?