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19/12/2017 às 12:28•3 min de leitura
Você não fica impressionado com o talento de alguns artistas forenses — aqueles profissionais que se dedicam a reconstruir os rostos de pessoas já falecidas? Pois o trabalho do profissional do qual vamos falar a seguir é especialmente assombroso, uma vez que não se trata de uma reconstrução digital (e sim uma que foi esculpida com o uso de várias técnicas) e parece que o modelo tem vida! Confira:
É um busto de verdade e não uma imagem digital! (National Geographic/Oscar Nilsson)
A surpreendente reconstrução acima foi criada pelo arqueólogo e artista forense Oscar Nilsson, da Suécia, e revela as feições de uma antiga rainha da cultura Wari que foi descoberta por pesquisadores peruanos e poloneses em um mausoléu conhecido como “El Castillo de Huarmey”, situado nos arredores de Lima, no Peru.
Uma das ossadas descobertas na tumba (Newsweek/AFP Photo/Ernesto Benavides)
Nesse local, os cientistas encontraram, ao todo, os corpos de 58 mulheres da nobreza e, entre eles, os arqueólogos descobriram a rainha — que se encontrava sepultada em uma câmara separada e foi apelidada de Rainha Huarmey. As análises apontaram que todos os restos mortais pertenciam a indivíduos do povo Wari, uma cultura que existiu no Peru entre os anos 700 e 1000, ou seja, bem antes de os Incas surgirem e dominarem a região.
Galeria 1
No caso da rainha, os pesquisadores encontraram uma série de artefatos sepultados com ela, incluindo joias, recipientes, objetos de ouro, um cálice de prata e um machadinho de cobre para fins ritualísticos. E, claro, os arqueólogos coletaram a ossada da mulher — e foi a partir do crânio da nobre que Oscar criou a reconstrução super-realista da foto.
Segundo o artista, para não usar o exemplar original, ele submeteu o crânio a uma tomografia computadorizada para criar uma cópia digital tridimensional — que, por sua vez, foi usada para imprimir uma réplica idêntica ao original. Ele também explicou que, para fazer uma reconstrução, é vital saber detalhes como etnia, idade estimada da pessoa, sexo e peso aproximado.
Crânio da Rainha Huarmey (National Geographic/Robert Clark)
Oscar sabia que a rainha tinha pelo menos 60 anos quando morreu e, depois de consultar bases de dados contendo informações sobre as culturas e elites da era pré-colombiana — isto é, dos povos que habitavam as Américas antes da chegada dos europeus — e fotos de grupos indígenas que habitam nas proximidades do Castillo de Huarmey, o artista calculou a espessura das estruturas (como músculos, tecido adiposo, pele etc.) que cobriam o crânio da mulher.
O arqueólogo, então, posicionou 30 pinos de plástico de tamanhos diferentes em pontos específicos do crânio e começou a “esculpir” o rosto da rainha. Ele recriou os músculos da face, assim como o nariz, o contorno dos olhos e os lábios e, depois de finalizar essa etapa, posicionou os olhos nas órbitas, cobriu tudo com uma camada de “pele” — que foi trabalhada para incluir detalhes como poros e rugas — e fez um molde para produzir uma máscara de silicone. Veja o processo a seguir:
Galeria 2
Esse último o passo foi o que permitiu a Oscar conferir tamanho realismo à reconstrução. Para finalizar, ele usou cabelo peruano de verdade — comprado no Peru pelos arqueólogos que descobriram a rainha! — que foram inseridos fio a fio no couro cabeludo do modelo, e colocou réplicas das joias que foram encontradas com ela na tumba em suas orelhas. E sabe quanto tempo ele demorou em concluir o trabalho? Um total de 220 horas!
Busto finalizado da Rainha Huarmey (National Geographic/Oscar Nilsson)
Aliás, caso tenha passado pela sua cabeça que essas reconstruções não retratam as pessoas como elas realmente eram, vale salientar que, na verdade, os resultados são bastante próximos sim. Tanto que, das vítimas desconhecidas de crimes, cerca de 70% delas são identificadas após a reconstrução forense ser realizada.