Ciência
17/09/2018 às 10:02•2 min de leitura
Entre as famosas obras do italiano Leonardo da Vinci, a que mais chama a atenção do público é com certeza a Monalisa, ou Gioconda, como também é conhecida. O retrato é famoso pelo sorriso enigmático — expressão que é analisada desde 1503, quando foi pintado o quadro.
Atualmente, a obra, que já esteve até nos aposentos de Napoleão, está em uma sala especial no Museu do Louvre, em Paris (França). E foi exatamente lá, esperando na fila para conhecer Monalisa, que o médico Mandeep Mehra, professor na Escola Médica de Harvard, parece ter desvendado o segredo da moça (ou de da Vinci, nunca saberemos).
Segundo ele, o retrato mostra sinais claros de hipotireoidismo, uma doença comum na Itália renascentista e mais comum ainda nos dias de hoje. Mehra explica que, durante a 1h30 em que aguardou na fila, se deu conta do quadro clínico: “posso não saber observar e analisar obras de arte, mas com certeza sei fazer diagnósticos”, afirmou.
Essa observação deu origem ao artigo publicado no ano seguinte, com as análises do médico e de sua colega Hilary Campbell, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara. E os sinais estão muito claros, de acordo com os especialistas.
Lisa Ghirardelli, a mulher retratada, tem cabelo fino e ralo, praticamente nenhuma sobrancelha, assim como olhos e pele bastante amarelados. Ela é literalmente o retrato da disfunção da glândula tireoide, que produz e controla hormônios importantes para o funcionamento do corpo.
Existem dois tipos principais de disfunção: o hipertireoidismo, que faz o corpo funcionar mais rápido do que deveria; e o hipotireoidismo, que não produz os hormônios em quantidade suficiente para o bom desempenho do metabolismo – o que seria o caso de Lisa.
Os médicos também destacam que as áreas em volta dos olhos e do pescoço de Monalisa estão claramente inchadas, o que configura fortes indícios da doença. E não nos esqueçamos! O meio sorriso enigmático é outro sinal do hipotireoidismo; segundo explica Mehra, depressão leve a moderada pode ocorrer.
“Quando se tem hipotireoidismo, seu corpo não funciona como deveria, e o humor tende à depressão. Não se consegue dar um grande sorriso”, conta o médico que refuta teorias anteriores de que Monalisa teria na verdade um tipo de paralisia facial que a impedia de mexer os músculos do rosto. O fato de Lisa ter dado à luz um filho pouco tempo antes do retrato também reforça esse quadro clínico de disfunção hormonal, já que na época não era possível fazer tratamentos desse nível.
Outro fato que comprova o diagnóstico da dupla é a alimentação da região na época em o quadro foi pintado. No século XVI, em Florença, era comum a dieta a base de vegetais como couve-flor, repolho e couve. Todos têm baixo índice de iodo, elemento essencial para prevenir a doença, especialmente em mulheres, que são as mais propensas. Inclusive, outros pintores da época renascentista, como Caravaggio e Raphael, por exemplo, fizeram retratos de mulheres com os mesmos sintomas.
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