Artes/cultura
08/03/2019 às 09:00•2 min de leitura
A cadeia alimentar descreve as interações entre todos os seres vivos que compõem um ecossistema. No entanto, as mudanças climáticas pelas quais o planeta passa podem interferir nas relações entre produtores, consumidores e decompositores, de acordo com uma pesquisa publicada na revista científica inglesa Nature Climate Change.
“O estudo descreve quais são essas rupturas e mostra que elas podem ser causadas por componentes climáticos que mudarão nos próximos anos, como a temperatura da Terra”, explica Gustavo Quevedo Romero, que é professor do Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (Unicamp) e autor principal do artigo.
(Reprodução/David Riaño Cortés)
O ponto de partida do projeto foi a avaliação dos dados coletados em um estudo anterior, liderado pelo cientista finlandês Tomas Roslin e publicado pela revista científica norte-americana Science em 2017. Nele, os pesquisadores já haviam percebido que quanto maior a latitude de um ecossistema, menor a probabilidade de predação de herbívoros.
Para o novo estudo, os cientistas extraíram dados do WorldClim 2, um banco de dados com 19 variáveis bioclimáticas aplicáveis em todo o globo. Depois, eles empregaram o método de modelagem de equações estruturais para determinar a importância relativa dos efeitos diretos e indiretos de aspectos como latitude absoluta, elevação e clima local, entre outros, sobre a cadeia alimentar.
Esses modelos mostraram que a temperatura é o aspecto que mais interfere na cadeia alimentar e permitiram que os cientistas fizessem previsões até 2070. Provavelmente, a predação diminuirá de maneira significativa na região equatorial, que inclui partes da América Central, do Caribe, da América do Sul, da África e Ásia.
Os pesquisadores acreditam que a Colômbia e o Brasil serão dois países bastante afetados pelas transformações nas temperaturas. Inclusive, o nosso país corre o risco de ser o que mais sofrerá consequências, uma vez que boa parte do território brasileiro está próxima da Linha do Equador e a Floresta Amazônica é realmente vasta.
“Mudanças climáticas não se refletem apenas no modo como as espécies se distribuem, mas também nas maneiras como elas interagem”, analisa Romero. “Isso poderia afetar o rendimento das culturas tropicais e pôr em risco a segurança alimentar, devido à redução da eficiência do controle biológico em áreas que já são vulneráveis”.