Imagens registram o líquido espinal formando ondas no cérebro

18/11/2019 às 10:302 min de leitura

Enquanto você dorme, o líquido cefalorraquidiano, uma espécie de solução salina, flui através do seu cérebro no formato de ondas rítmicas e pulsantes. 

Essa é a conclusão de um artigo divulgado na Science, revista da Associação Americana para o Avanço da Ciência, no último dia 1º de novembro. Segundo a pesquisa, assim que você dorme, seus neurônios se aquietam por alguns segundos e, logo em seguida, o sangue começa a fluir pela sua cabeça. Então, um fluido corporal, chamado líquido cefalorraquidiano (LCR), ou liquor, também começa a fluir, como que “lavando” o seu cérebro.

Essa atividade já era conhecida. Porém, o novo estudo mostrou, de forma inédita, que o LCR não apenas pulsa durante o sono, mas também que esses movimentos são intimamente relacionados com a atividade das ondas cerebrais e com o fluxo sanguíneo.

No vídeo abaixo, feito por Laura Lewis, é possível ver as ondas de oxigenação sanguínea (em vermelho) seguidas das ondas de líquido cefalorraquidiano (em azul).

sleepwaves_lewis__001 from Boston University on Vimeo.

A faxina do líquido cefalorraquidiano

Essa pesquisa pode ser também o primeiro estudo a mostrar imagens do LCR durante o sono. Segundo a pesquisadora que divulgou as imagens acima, e uma das co-autoras do artigo, há esperança de que essa nova descoberta possa ser utilizada na compreensão de uma série de distúrbios neurológicos e psicológicos frequentemente associados a padrões de sono interrompido, como o autismo e a doença de Alzheimer.

A combinação de ondas cerebrais com fluxo sanguíneo e LCR poderia também lançar novas perspectivas sobre a compreensão de deficiências normais relacionadas ao envelhecimento. Estudos anteriores sugeriram que fluxo de LCR e baixa atividade de ondas cerebrais auxiliam a eliminação de proteínas tóxicas ligadas a perda de memória.

Por isso, explica a dra. Lewis, nas próximas pesquisas a respeito do efeito do envelhecimento sobre o fluxo de sangue e LCR no cérebro, a equipe pretende recrutar adultos mais velhos do que os sujeitos do presente estudo, cuja idade variava entre 23 e 33 anos.

Os próximos capítulos da pesquisa vão tratar de um enigma que a equipe ainda não foi capaz de responder: de que forma nossos cérebros conseguem coordenar de forma tão perfeita ondas cerebrais, fluxo sanguíneo e LCR?

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