Artes/cultura
28/11/2019 às 11:44•2 min de leitura
Um estudo proposto por pesquisadores da Universidade de Yale sugere que muito do que se conhece sobre o comportamento de animais de mesmo sexo (CMS) pode estar completamente equivocado. Há muito tempo, biólogos evolucionistas buscam respostas sobre o "Paradoxo de Darwin", com questionamentos sobre as finalidades das atividades sexuais sem fins reprodutivos, e parece que cientistas do Instituto de Florestas e Ambiente estão bem próximos de outra conclusão sobre a responsabilidade da "homossexualidade" para a evolução das espécies.
O artigo sobre o estudo foi publicado na Nature Ecology and Evolution, teorizado, principalmente, pelo co-autor Max Lambert e pela autora Julia Monk, trazendo à tona diversos pontos importantes a se refletir sobre o padrão e a perpetuação do CMS durante a evolução das espécies. “Se um animal for muito exigente na distinção do que acha que é o sexo oposto, acasala com menos indivíduos. Por outro lado, se for menos exigente, e se envolve em comportamentos homossexuais e heterossexuais, poderá acasalar com mais indivíduos em geral, incluindo indivíduos de um sexo diferente," sugere Lambert, na tentativa de explicar a existência dos comportamentos bissexuais e na sua importância para promover benefícios reprodutivos.
A "homossexualidade" fazendo parte dos hábitos dos ancestrais pode implicar que não se trata de um desvio que buscou evoluir juntamente às espécies, mas sim uma condição que sempre esteve presente. “A condição ancestral do comportamento sexual em animais incluía CMS e CSD (comportamento de sexo diferente), e vários processos evolutivos, adaptativos ou não, moldaram a persistência e a expressão de CMS em diferentes linhagens, mas não precisam explicar suas origens," explica Julia Monk, propondo um engajamento animal dos dois tipos de comportamentos, não exclusivamente no "heterossexual".
O questionamento também parte do princípio de uma "heteronormatização" da evolução, onde o CMS ainda é tratado com inválido por não conter finalidade reprodutiva, não justificando sua perpetuação na linhagem evolutiva. O fato de já ter sido observado tendências e comportamentos "homossexuais" em mais de 1500 espécies justifica que, para muitas delas terem evoluido e perpetuado por centenas de anos, há a presença do sexo com fins reprodutivos e com fins benéficos em outras dimensões.
Para os autores, é a hora de avaliar não o "porquê" de existir o CMS, mas o "Por que não?"