Artes/cultura
27/04/2020 às 06:00•2 min de leitura
O dia 15 de agosto de 1977 é uma data que todo astrônomo conhece: às 23h57m daquela noite, o telescópio do Observatório de Rádio da Universidade de Ohio captou um sinal que durou exatos 72 segundos, e que entraria para a História da astronomia com o nome de “Uau” (em inglês, “Wow”). Passados 43 anos, o sinal permanece um mistério.
A admiração deixada no papel pelo astrônomo Jerry E. Ehman deu nome ao mais misterioso dos sinais captados do espaço.
"Quando os astrônomos examinam um pedaço ainda inexplorado do céu, geralmente topam com algo surpreendente que ninguém previu. Nosso objetivo é buscar sinais muito breves, mas poderosos, de uma civilização avançada”, explicou um dos envolvidos no projeto PANOSETI, o tecnólogo-chefe do SETI Research Center da Universidade da Califórnia em Berkeley, Dan Werthimer, há 45 anos envolvido na busca de vida inteligente extraterrestre.
Acrônimo para Pulsed All-sky Near-infrared Optical SETI ( ou SETI Óptico por Infravermelho Próximo Pulsado em Todo o Céu), a primeira etapa do projeto PANOSETI estará completa quando os 160 telescópios exclusivos para o trabalho estiverem varrendo o firmamento em busca de sinais de vida extraterrestre (SETI quer dizer search for extraterrestrial intelligence, ou busca por inteligência extraterrestre).
O PANOSETI vai empreender uma busca constante por flashes de luz óptica ou infravermelha, e isso já está acontecendo no Astrograph Dome do Observatório Lick da Califórnia. O projeto, iniciado há dois anos, visa separar pulsos com assinaturas tecnológicas (que poderiam ter sido emitidos, por exemplo, para fins de comunicações interestelares ou transferência de energia) daqueles que têm origem natural.
O programa prevê pares de observatórios por todo o mundo, com cúpulas geodésicas como o olho facetado de uma mosca e 198 telescópios de um metro e meio de diâmetro cada, coletando sinais vindos do céu.
O local para o segundo observatório ainda não foi escolhido, mas ele não distará mais que 1,5 quilômetro. Isso é essencial para que se consiga uma visão em “estéreo” do céu noturno: o que um vê, o outro confirmará como vindo do espaço ou descartará o sinal como gerado pela atmosfera terrestre.
O que deixa os astrônomos entusiasmados é o poder do PANOSETI de captar um número maior de sistemas estelares, estendendo o tempo de monitoramento do espaço e registrando sinais que ocorrem em espaços de tempo mínimos (na escala de nanossegundos).
“Qual a probabilidade de conseguirmos detectar sinais extraterrestres? Não temos ideia”, disse a astrônoma da Universidade da Califórnia em San Diego e principal pesquisadora do projeto, Shelley Wright.
A astrônoma Shelley Wright brinca com revolucionária lente plástica de um dos telescópios do projeto PANISETI.
Um único telescópio tem um campo de visão amplo o bastante para observar 20 luas cheias de uma vez só. Isso se deve a duas tecnologias novas em astronomia. Uma delas é a lente plástica dos telescópios, leve e plana; a outra vem da medicina: detectores ópticos e infravermelhos desenvolvidos para scanners de diagnóstico.
A equipe agora trabalha para desenvolver câmeras capazes de capturar com precisão o exato momento em que um fóton, pulsando por um milionésimo de segundo, toca o conjunto de lentes do telescópio – e espera que um "Uau" se repita.
Novo telescópio começará a buscar vida extraterrestre via TecMundo