Ciência
27/04/2020 às 11:00•2 min de leitura
Autoridades de saúde e fabricantes de produtos de limpeza doméstica do mundo inteiro vieram a público na última sexta-feira (24) para fazer um alerta veemente no sentido de que as pessoas "sob nenhuma circunstância" injetem ou consumam via oral seus produtos como forma de tratamento para o coronavírus.
Também no final da semana passada, a FDA, agência norte-americana que controla a segurança de alimentos e fármacos, teve que reprimir grupos que estavam reembalando água sanitária como cura ingerível para a covid-19.
Essas ações tornaram-se necessárias após um comentário do presidente americano Donald Trump numa conferência de imprensa na última quinta-feira (23) na qual sugeriu que algum tipo de desinfetante, que elimina o vírus em um minuto, pudesse ser injetado na corrente sanguínea ou pulmões de pessoas infectadas.
Outro suposto tratamento, o banho de imersão em água sanitária diluída, divulgado por Cristina Cuomo, esposa do âncora da CNN Chris Cuomo, gerou um pronunciamento da Organização Mundial da Saúde afirmando que o uso de água sanitária e outros agentes de limpeza na pele causam sérios danos às membranas mucosas, que acabam por deixar o corpo mais vulnerável à ação de patógenos microbianos como o próprio coronavírus.
Fonte: Suzzane Kreiter/Getty Images
Sobre os comentários do presidente Trump, a Reckitt Benckiser, multinacional que fabrica os desinfetantes domésticos Lysol, Dettol, Vanish e Cilit Bang, divulgou um comunicado pedindo aos seus consumidores para não injetar ou ingerir, de forma alguma, nenhum de seus produtos, pois tais procedimentos podem levar a doença graves e até à morte.
Na semana passada, um tribunal federal norte-americano emitiu liminar contra uma igreja chamada Genesis II Church que estava vendendo uma solução de água sanitária como cura para a covid-19. Feita de uma mistura de hipoclorito de sódio com ácido cítrico, e apresentada como "uma cura para 95% das doenças conhecidas", a solução é na verdade uma poderosa fórmula de alvejante industrial.
Também a inalação do produto com cloro, sugerida por alguns interessados, "seria a pior coisa para os pulmões", conforme o dr. John Balmes, pneumologista do Hospital Geral Zuckerberg e professor da Universidade da Califórnia em São Francisco. Para esse médico: "as vias aéreas e os pulmões não são feitos para exposição nem mesmo à forma de aerossol do desinfetante".