Crânios deformados revelam cotidiano no fim do Império Romano

06/05/2020 às 11:272 min de leitura

Durante o século V, uma prática bastante incomum para os dias atuais era realizada pelas pessoas na Europa central: o alongamento artificial de suas cabeças através de cordas amarradas nesta parte do corpo durante a infância.

O que prova isso são as dezenas de crânios "alienígenas" com mais de 1,5 mil anos que foram encontrados ao longo de décadas em um cemitério da Hungria. Os crânios não eram de alienígenas, claro, mas seus formatos são bem parecidos com aqueles que vemos hoje nos filmes de ficção científica.

Esses crânios estão realizando um papel muito importante atualmente: o de revelar o impacto do colapso do Império Romano na sociedade da época.

As descobertas

O cemitério escavado que continha a maior coleção desses crânios fica em Mözs-Icsei dülo, na Hungria. A primeira escavação ocorreu no ano de 1961. 

Para o novo estudo da autora Corina Knipper e os coautores István Koncz, Zsófia Rács e Vida Tivadar, foram examinados 51 crânios alongados encontrados no cemitério de Mözs. Os túmulos, 96 no total, apresentavam três gerações que datavam do ano 430 até 470.

As três gerações possuíam características diferenciadas umas das outras. Isso se torna perceptível através dos estilos sepulturas. O estudo aborda o primeiro grupo sendo o fundador do cemitério, cujos restos mortais foram enterrados em sepulturas de estilo romano. O segundo grupo possui características que parecem ser de outra região. Por fim, o último grupo continha práticas funerárias tanto baseadas nas tradições romanas quanto em outras.

Imagem do Museu Wosinsky Mór, Szekszárd, na Hungria, mostra crânio do túmulo 43 durante a escavação. (Fonte: LiveScience / Museu Wosinsky Mór)Imagem do Museu Wosinsky Mór, Szekszárd, na Hungria, mostra crânio do túmulo 43 durante a escavação. (Fonte: LiveScience / Museu Wosinsky Mór)

Em ambos os grupos foram encontrados crânios artificialmente esticados. No primeiro grupo cerca de 32% possuiam essa alteração; no segundo, 65%; e 70% no último. Os estudos mostraram que variações na localização e na direção dos sulcos encontrados nos crânios apresentavam técnicas diferenciadas de amarração nas cabeças entre os grupos.

O que as descobertas sugerem sobre a época?

Os estudos de análise de isótopos ou versões diferenciadas de átomos nos ossos encontrados forneceram grandes pistas sobre os indivíduos enterrados posteriormente. Tudo indica que parte deles teve sua origem nos arredores de Mözs, enquanto outros se firmaram lá após alguma ação de deslocamento. 

A descoberta de grupos de origens diferentes convivendo em uma mesma região sugere que todas essas pessoas estavam vivendo de forma unificada. Os hábitos e costumes que antes eram regionais, começavam a ser compartilhados, aparentemente, nos últimos dias de guerra do Império Romano do Ocidente.

Arqueólogos haviam anteriormente levantado hipóteses de que os recém-chegados a Panônia Valéria, atual cidade conhecida como Mözs, tiveram seu estabelecimento na região através de pessoas que já moravam lá. O novo estudo confirma isso através de artefatos encontrados nas sepulturas.

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