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25/05/2020 às 11:00•2 min de leitura
Num webinar transmitido na semana passada e promovido pela Academia de Ciências de Nova York, Kennda Lynch, astrobióloga e geomicrobióloga do Instituto Lunar e Planetário em Houston, falou da necessidade do uso da engenharia genética para uma futura colonização do Planeta Vermelho.
Para a pesquisadora, não apenas a manipulação genética, mas a recombinação "pode precisar entrar em ação se as pessoas quiserem viver, trabalhar, prosperar, estabelecer sua família e permanecer em Marte".
Após a conferência, ficou a sensação que, se em algum dia a humanidade quiser se estabelecer em Marte, um dos requisitos será que nos tornemos um pouco "menos humanos".
O motivo é uma série de riscos envolvidos numa viagem desse tipo, como altas cargas de radiação, perda óssea causada pela microgravidade, entre outros perigos derivados do longo período de ausência da Terra. No entanto, esses primeiros tripulantes poderiam retornar ao nosso planeta com uma condição física ainda razoável.
O mesmo certamente não iria acontecer com aqueles pioneiros que optassem por constituir residência em Marte. Para conseguirmos permanecer saudáveis e seguros lá, alguns ajustes no nosso design biológico seriam necessários.
Num outro webinar, o geneticista Christopher Mason, da Weill Cornell Medicine, falou da inserção, em células humanas em laboratório, de genes de tardígrados, aqueles animais minúsculos de corpo roliço e pernas com garras conhecidos por conseguirem sobreviver no vácuo do espaço.
Segundo o cientista, as células geneticamente modificadas exibiram uma maior resistência à radiação do que suas contrapartes normais. Se num projeto de colonização nada for feito para proteção, "o corpo humano seria quase completamente frito pela quantidade de radiação".
Enquanto essa tecnologia não chega, um outro recurso pode ser tentado, explica Kennda Lynch: desenvolver microrganismos geneticamente alterados para modificar não os humanos, mas o próprio Planeta Vermelho.
Ela afirma que esses procedimentos já estão sendo pesquisados atualmente com o objetivo de "fabricar materiais para construir nossos habitats". Isso inclui a utilização de microrganismos para "terraformar" Marte, transformando-o em um mundo mais amigável para os seres humanos.
Ambas as possibilidades — alterar o nosso genoma para nos proteger da radiação ou mudar um sistema nativo de outro planeta — levantam questões éticas que só poderão ser analisadas após respondida a pergunta se a Terra é o único mundo a hospedar vida mais complexa.