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19/06/2020 às 02:00•2 min de leitura
De acordo com um estudo publicado recentemente na Conservation Biology, a caça de onças-pintadas tem apresentado níveis cada vez mais alarmantes na América Central e do Sul. A pesquisa conseguiu documentar mais de 800 onças capturadas e mortas por caçadores, que foram interceptadas pelas autoridades. O interesse dos consumidores chineses pelo animal é apontado como um dos fatores responsáveis pela procura.
Para entender a gravidade da situação, basta observar que esse número supera em 200 vezes a quantidade de onças que foram capturadas por operações policiais nos últimos cinco anos.
O aumento da intensidade da prática indica que uma grande onda clandestina de tráfico desses grandes felinos está em andamento.
Para o especialista Vicent Nijman (Universidade de Oxford Brooks), os mesmos padrões verificados na Ásia e na África também estão começando a surgir na América do Sul. Ao The New York Times, ele ainda comenta que: "Se houver demanda, ela será atendida, mesmo se você for para outro continente do outro lado do mundo".
Pesquisadores estimam que existam cerca de 173 mil onças pintadas no mundo
No mercado internacional de onças-pintadas, o item de maior valor são os dentes. A maior parte vai para o mercado chinês, onde são transformados em joias.
Além disso, autoridades de diversos países da América do Sul já conseguiram inviabilizar várias tentativas de contrabando de ossos. Para evitar chamar a atenção, eles são pulverizados pelos caçadores e guardados em recipientes de leite em pó. Posteriormente, são usados na composição de um tipo de pasta medicinal popular em algumas regiões da China.
As capturas também encontraram garras, crânios, peles e até a carne das onças-pintadas, considerada uma iguaria em restaurantes — fora do cardápio, para não chamar a atenção das autoridades.
Entre os anos de 1950 e 1960 o comércio internacional de felinos tornou-se muito ativo e próspero. Estima-se que, somente os EUA, tenham importado 23 mil peles de onças em 1968 e 1969 — lembrando que a prática foi proibida em 1975.
Dados atuais apontam para a existência de 173 mil onças-pintadas em todo o mundo. Na América do Sul e Central, 50% desses felinos já não tem mais o habitat natural em decorrência das atividades humanas.
A América Latina concentra boa parte de seus esforços no controle de armas e drogas nas fronteiras, por isso, o tráfico de animais selvagens não tem prioridade nas políticas de vários governos. Aliás, esse fator leva os pesquisadores a acreditarem que os números podem ser muito maiores que os descobertos recentemente.