Artes/cultura
08/07/2020 às 04:00•2 min de leitura
O site Livescience, que possui foco em notícias de cunho científico, iniciou uma investigação em um grupo privado no Facebook após um colecionador americano ter publicado uma história bizarra acerca de um crânio histórico em sua visita à Tunísia. Além do relato do rapaz, que afirmou ter roubado a peça durante uma reforma da catacumba de Sousse no país, em 2013, havia um anúncio no valor de US$ 550 (quase R$ 3 mil) por ela.
(Ashlee Gray/Getty Images)
Entretanto, o grupo foi invadido por um repórter infiltrado do site que acabou se passando como uma pessoa interessada na peça. Dessa forma, descobriu-se que por lá eram negociados diversos tipos de restos humanos. O mais estranho na história toda era a forma como os anúncios eram realizados, já que quase nunca haviam informações sobre a origem do material, o que levantou de imediato um questionamento sobre como eles eram adquiridos.
Segundo o site, o mesmo saqueador da catacumba de Sousse, que reside em Washington, teria vendido outros restos humanos pelo Facebook. Conforme perguntas mais específicas foram sendo direcionadas a ele, pelo repórter, as respostas paravam de chegar; o anúncio acabou sendo excluído posteriormente.
A venda de restos humanos, mesmo que tenham sua origem reconhecida, como por exemplo, vir de faculdades de medicina, é proibida na maioria dos estados americanos. Nesse sentido, o grupo clandestino possui, além de inconformidade com a lei, um comportamento estranho. O crânio relatado acima é apenas uma das bizarrices encontradas por lá.
(Yann Schaub/Unsplash)
Muitas pessoas procuram por restos de fetos, bebês e crianças. Um comprador escreveu uma publicação em que dizia estar "procurando peças ou órgãos esqueléticos de crianças". A investigação mostrou que haviam muitos à venda. Infelizmente, nem compradores e vendedores discutiam o motivo de estarem interessados em restos de crianças e fetos.
Outros anúncios permeiam o grupo e os preços variam. Crânios de origem desconhecida são vendidos por cerca de US$ 1,3 mil. Uma criança mumificada, que o vendedor alegou ter seis anos quando morreu há alguns séculos atrás, estava à venda por 11 mil euros (cerca de R$ 65 mil).
Além da falta de explicações com relação à origem dos restos humanos, há também um outro debate em voga. O caso do roubo do crânio da Tunísia representa um desfalque da peça à história. Alguns países já instauraram em suas respectivas legislações duras penas para quem saquear sítios arqueológicos ou atrapalhar as pesquisas.
O Facebook ainda não possui políticas mais efetivas com relação à proibição dessa prática em sua plataforma. O Livescience entrou em contato com a rede social, que prometeu tomar medidas cabíveis contra os responsáveis dos grupos. Por enquanto, apenas três grupos privados do tipo foram excluídos.