Artes/cultura
05/09/2020 às 08:00•2 min de leitura
Embora seja um dos seres vivos mais antigos do planeta, o gar, ou peixe-jacaré, assim chamado pelo tamanho e formato de sua boca, passou grande parte do século XX ameaçado de extinção por ser considerado um “peixe-lixo”, termo criado por praticantes da pesca esportiva para definir espécies que não vale a pena perseguir nem capturar.
Os gars são peixes pacíficos, porém, por serem bons predadores de emboscada que comem tudo o que lhes cabe na boca, foram tidos como uma praga que engolia caça de qualidade e danificava as redes. Hoje, os pescadores o veem como um prêmio capaz de atingir 160 quilos e até 3 metros de comprimento.
Mesmo que essas dimensões sejam estimativas “de pescador” e o peixe não atinja tais proporções, ele é a maior espécie de peixe de água doce da América da Norte. Um dos fatores que determinaram o seu status para “captura premiada” foi sua inclusão no videogame Animal Crossing: New Horizons.
Moon Lake, Mississípi. Março de 1910. (Fonte: D. Franklin / American Museum of Natural History / Wikimedia Commons)
Apesar de o Atractosteus spatula ser conhecido nos Estados Unidos como "alligator gar", ele não guarda nenhuma relação com aqueles répteis, a não ser a semelhança da cabeça larga, da bocarra e os dentes afiados.
Esses aspectos assustadores, que às vezes o tornam parecido com um jacaré comum, é somente uma característica da ancestralidade do gar. Esses peixes estão entre as pouquíssimas espécies que nadaram na época dos dinossauros e permanecem vivos até hoje.
Registros fósseis mostram que, na forma de megapeixe, o gar habitava a Terra pelo menos desde o período do Cretáceo Inferior, ou seja, há mais de 100 milhões de anos.
Depois que o peixe-jacaré passou a ser considerado como um tipo de "captura valiosa" por pescadores, também sua carne se tornou uma iguaria muito apreciada. No sul dos Estados Unidos, bolinhos de gar fritos com alho e filés do peixe são servidos em muito restaurantes e suas escamas são utilizadas na fabricação de bijuterias.
Essa repentina popularidade já preocupa alguns ambientalistas, pois a reprodução do peixe-jacaré acontece tardiamente (a primeira desova ocorre só aos 10 anos) e somente em condições favoráveis.