Artes/cultura
06/10/2020 às 13:00•2 min de leitura
De forma inédita, geneticistas conseguiram extrair material genético de insetos que estavam incrustados em resinas de árvores. O DNA foi obtido a partir de duas amostras de âmbar retiradas de uma árvore Hymenaea verrucosa, em Madagascar, que continham espécimes de besouros preservados na resina enquanto ainda era “jovem” e pegajosa.
Até então, a retirada de DNA de espécimes presas em âmbar era considerada difícil devido à contaminação e a falhas em técnicas de reconhecimento genético, mas a nova descoberta abre um horizonte para aprimorar os estudos sobre tempos remotos e os organismos que viveram em épocas antigas. “Nossos novos resultados mostram que é realmente possível estudar geneticamente organismos que foram incorporados na resina, embora ainda não saibamos o limite de tempo”, enfatiza o líder do projeto, Dr. David Peris, do Instituto de Geociências e Meteorologia da Universidade de Bonn, Alemanha.
Segundo os cientistas, as amostras coletadas tinham cerca de 2 a 6 anos de idade e seu material genético foi replicado graças à técnica de reação em cadeia da polimerase, que permite a multiplicação do DNA e a sua condensação em tubos de ensaio. “Esse método nos permitiu realizar várias verificações de autenticidade para que pudéssemos ter certeza de que o DNA detectado em nossos experimentos era, de fato, de besouros preservados na resina”, comentou Kathrin Janssen, do Instituto de Microbiologia Médica.
Com a descoberta, os geneticistas esperam compreender melhor aspectos fundamentais da preservação do DNA em resina e entender como ocorre a determinação de uma janela temporal, conseguindo datar, com uma maior exatidão, o período de “embalsamento” das amostras sem perder suas principais propriedades físico-químicas.
Anteriormente, as coletas de material genético em resinas de árvores eram realizadas com a adição de clorofórmio ou álcool 70% no processo de extração. Porém, em casos em que o âmbar não estava contaminado naturalmente, as substâncias alcoólicas comprometeram o DNA e impediram o avanço dos estudos. Nas novas pesquisas, além da técnica de cadeia da polimerase, foi utilizado álcool 80% ou superior, resultando em resíduos melhor preservados.
Apesar das resinas não serem consideradas antigas, já que possuem um máximo de 6 anos, espera-se que, nos próximos estudos, as técnicas de “sequenciamento de próxima geração” possam contribuir com avanços significativos nas pesquisas sobre o DNA.