Ciência
14/10/2020 às 09:00•2 min de leitura
Um estudo científico publicado no Zoological Journal of the Linnean Society na quinta-feira (08) revelou que duas novas espécies de camundongos aquáticos são intimamente relacionadas com um dos mamíferos mais raros já existentes no mundo: o rato-d’água-etíope, considerado um holótipo, ou seja, um indivíduo único da espécie, coletado em 1920.
Após a coleta do espécime próximo à fonte do Little Abbai, em Gojjam, região noroeste da Etiópia, a uma altitude de 2.600 metros, não foram encontrados outros da espécie, o que levou os cientistas a considerar a raça como extinta. O estranho roedor, que possui adaptações anatômicas adequadas a um estilo de vida aquático, tem seu corpo preservado em exposição no Field Museum de Chicago.
O novo estudo analisou dois gêneros de murinos semiaquáticos africanos: o Nilopegamys e Colomys. O primeiro, que literalmente significa “rato da nascente do Nilo”, é aquele indivíduo único empalhado em Chicago, mas o recém-descoberto Colomys é facilmente encontrado na bacia do Congo.
Conhecidos popularmente como “ratos-de-palafitas”, os atuais Colomys possuem, como o seu famoso “primo”, pés alongados próprios para vadear em riachos rasos. Eles caçam insetos aquáticos, ficam de pé nas ancas e possuem cérebros surpreendentemente grandes para o seu tamanho, capazes de processar a sobrecarga sensorial de pescar com a ajuda de bigodes sensíveis.
Apesar de não serem tão raros quanto o Nilopegamys, capturar Colomys acabou se tornando uma missão muito difícil, pois, além de rápidos, os roedores ficam em áreas de difícil acesso e os riachos se tornam locais perigosos na época das cheias.
Após algumas missões “quase impossíveis” para colher dados sobre esses animaizinhos espertos, a pesquisa cruzou seus dados com informações em museus, e realizou testes de DNA. Isso resultou na revelação de duas espécies dentro do gênero Colomys: o C. lumumbai e C. wologizi.
Finalmente, os pesquisadores foram até Chicago coletar amostras de DNA dos tecidos secos do Nilopegamys de 93 anos para comparar com seus novos dados. Após cuidados especiais para não contaminar o DNA antigo, a pesquisa comprovou sua hipótese de que o Nilopegamys é realmente um gênero “parente” do Colomys.