Ciência
11/12/2020 às 04:00•2 min de leitura
Apesar de suas incríveis habilidades para reconhecimento social e comunicação, os cachorros apresentam limitações no que se refere ao número de palavras aprendidas e reconhecidas. Essa é a conclusão de um estudo recente realizado por pesquisadores da Eötvös Loránd University, na Hungria, e publicado no Royal Society Open Science.
A fim de tentar entender melhor as razões pelas quais a maioria dos cães só consegue aprender um número bem baixo de palavras ao longo da vida, a equipe de especialistas mediu a atividade cerebral de 17 cães acordados por meio de eletroencefalografia (EEG), um método não invasivo.
Os testes foram realizados em laboratório, sempre na presença dos donos dos animais. Após serem acomodados em colchões, para que a experiência não fosse desagradável, os cachorros ouviram palavras que eles já conheciam (por exemplo, “senta”), bem como palavras sem sentido mas com som semelhante (ex.: “zenta”) e palavras sem sentido e com som completamente diferente (ex.: “fanto”).
Ao analisarem os resultados dos exames, os pesquisadores notaram que o cérebro dos cães percebia rapidamente as palavras já conhecidas e as distinguia das sem sentido e com som diferente. No entanto, a reação do cérebro canino para palavras conhecidas e para as sem sentido, mas que só variam por um único som, foi a mesma. Ou seja, é como se fosse a mesma coisa ouvir “senta” e “zenta”.
Esse funcionamento é parecido com o de crianças até 14 meses de idade. Só depois dessa fase é que elas começam a compreender que todos os sons das palavras importam.
“Assim como no caso de bebês humanos, especulamos que a semelhança da atividade cerebral dos cachorros para palavras de instrução que eles conhecem e para palavras sem sentido semelhantes reflete não limitações de percepção, mas sim vieses de atenção e processamento. Os cães podem não prestar atenção a todos os detalhes do som da fala quando ouvem as palavras. Pesquisas posteriores podem revelar se isso pode ser um motivo que incapacita os cães de adquirir um vocabulário considerável”, conclui o líder da pesquisa, Attila Andics.