Artes/cultura
26/01/2021 às 12:00•2 min de leitura
Pode parecer improvável, mas encontrar uma espécie de inseto preservado com órgãos genitais visíveis é um bom motivo para comemoração entre os cientistas. Um novo estudo publicado na revista Papers in Palaeontology descreve uma dessas espécies: um inseto assassino de 50 milhões de anos atrás, encontrado em âmbar, uma pedra preciosa feita de resina fossilizada de árvores, foi identificado com suas estruturas ainda intactas.
Academicamente falando, é uma descoberta lucrativa por muitas razões, mas a preservação única de sua cápsula genital (conhecida pelos entomologistas como pigóforo) é mais importante. Após a inspeção, os pesquisadores do novo artigo perceberam que as características internas da genitália do antigo inseto eram claramente visíveis e bem preservadas, fornecendo novos insights e conclusões sobre a vida amorosa de antigos insetos. Esses detalhes são muito raros em pesquisas de insetos fossilizados.
“Uma razão é que as estruturas genitais são compostas por estruturas membranosas, que não se preservam bem”, escreveu o pesquisador do estudo Daniel Swanson, estudante de graduação em entomologia na Universidade de Illinois Urbana-Champaign. “Mesmo em nosso fóssil, a genitália preservada é amplamente representada pelas partes endurecidas. Outra característica desse fóssil é que as duas partes vieram de uma divisão, o que nos permite uma visão interna dessas estruturas. Os fósseis de compressão geralmente preservam apenas a visão das costas ou da barriga, casos em que você não pode realmente ver nada da anatomia interna.”
Nomeado de Aphelicophontes danjuddi, o fóssil foi encontrado na Green River Formation, no Colorado, e representa um novo gênero de insetos assassinos. Alguns deles ainda existem e vagam pela terra, tendo como principal característica a “mochila” de formigas mortas nas costas, utilizado para fornecer camuflagem contra os inimigos e melhorar seu desempenho de sobrevivência.
Esse fóssil tem uma história interessante, sendo descoberto pela primeira vez há algum tempo como resultado da rachadura de uma rocha — o que dividiu o inseto quase perfeitamente ao meio. As duas metades foram vendidas a dois colecionadores por um negociante de fósseis, o que significa que os pesquisadores partiram em uma espécie de caça ao tesouro para rastrear as partes e reuni-las para esse estudo.