Artes/cultura
02/03/2021 às 06:00•2 min de leitura
Um pássaro que aparentemente estava extinto, pois não era visto há aproximadamente 170 anos, foi encontrado por pesquisadores na ilha de Bornéu, no sudeste da Ásia. A descoberta foi relatada em um estudo publicado na revista BirdingASIA, no final de 2020.
Considerada o “maior enigma da ornitologia da Indonésia”, a ave Malacocincla perspicillata, também conhecida como tagarela-de-sobrancelha-negra, foi capturada pela primeira vez entre os anos de 1843 e 1848, supostamente na ilha de Java, em um trabalho do naturalista alemão Carl Schwaner.
As informações coletadas na época acabaram não sendo tão precisas e o pássaro teve o registro efetuado como espécie ameaçada. Desde então, ele não foi mais visto, levando os especialistas a acreditar que se tratava de uma ave extinta.
(Fonte: Muhammad Suranto/Reprodução)
Mas tudo mudou em outubro de 2020, quando dois moradores de Bornéu encontraram um pássaro diferente. Eles o capturaram e tiraram fotos antes de soltá-lo, enviando-as para ornitólogos. Durante a análise das imagens, a ave foi comparada à espécie capturada por Schwaner quase 200 anos antes, atualmente conservada no Museu de História Natural de Leiden, na Holanda.
Após concluírem que a ave recém-encontrada era mesmo um exemplar da tagarela-de-sobrancelha-negra, identificada formalmente por ornitólogos, os pesquisadores foram em busca dos motivos pelos quais a espécie não era vista desde meados do século XIX.
Para eles, a explicação é simples. A Malacocincla perspicillata foi considerada extinta porque era procurada no lugar errado, devido aos registros imprecisos feitos durante o primeiro encontro, dando a entender que ela vivia na ilha de Java.
Espécime original, capturado por Carl Schwaner. (Fonte: Oriental Bird Images/Reprodução)
Diante da descoberta, que põe fim ao mais longo período de desaparecimento de uma ave asiática, o grupo responsável pelo estudo agora se prepara para buscar novas informações sobre a espécie. Eles querem verificar quantos exemplares dela vivem em Bornéu e se o pássaro está em risco de extinção.
Mas para levantar esses dados, buscar novas informações sobre as características físicas do pássaro e atualizar os textos de ornitologia, retirando a tagarela-de-sobrancelha-negra da lista de aves extintas, eles terão que aguardar pelo fim das restrições provocadas pela pandemia do novo coronavírus, para então ir à ilha certa.