Estilo de vida
14/04/2021 às 05:00•2 min de leitura
Criado pelo físico e inventor Auguste Piccard e construído na Bélgica, entre 1946 e 1948, o batiscafo é um veículo submersível desenvolvido para a exploração dos oceanos em regiões de águas ultraprofundas para pesquisa científica ou para operações de resgate de tripulações presas em submarinos danificados.
Às 8h10 de 23 de janeiro de 1960, após uma operação militar atirando cargas de TNT no oceano Pacífico para tentar determinar qual era o ponto mais fundo do planeta, o batiscafo Triestre — que foi vendido à Marinha dos Estados Unidos em 1958 — foi liberado no mar com o oceanógrafo Don Walsh e Jacques Piccard, o filho do inventor do dispositivo.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
A descida começou 5 minutos depois que eles já estavam na água, após verificarem os sistemas da embarcação. Às 9h20, o batiscafo atingiu a marca de mil metros de profundidade, viajando a 3,2 km/h, cerca de 0,9 metros por segundo, em um cenário onde a escuridão era total. Ao meio-dia, em uma descida reduzida, a mais de 9 mil metros, eles já haviam perdido a conexão com a superfície, e a temperatura na cabine era de 7?°C.
Quando a embarcação percorreu mais 800 metros, uma proteção plástica externa não resistiu à pressão e simplesmente explodiu, causando um abalo fortíssimo em todo o batiscafo. Apesar do medo de que a operação desse errado e o Triestre não aguentasse, os cientistas decidiram prosseguir.
Às 12h56, o aparelho alcançou o fundo da Depressão Challenger, na Fossa das Marianas, Filipinas, conhecido como o local mais profundo do mundo, a 10.911 metros no oceano Pacífico. Inesperadamente, eles conseguiram reestabelecer a conexão com o navio de apoio na superfície através do sistema de comunicação sonar. Levou cerca de 7 segundos para que a mensagem de voz viajasse do submarino para a central de apoio.
(Fonte: Rolex/Reprodução)
Nos 20 minutos que ficaram lá embaixo, os cientistas viram apenas algumas espécies de peixes achatados sobrevivendo a 8 quilômetros da luz do sol, e em uma pressão mil vezes maior do que a da superfície. Apesar de serem incapazes de definir qual o tipo de espécie era, eles comunicaram que o chão da fossa era composto por uma espécie de lodo diatomáceo.
Às 13h26, o Triestre liberou os lastros e começou sua subida, que demorou 3 horas e 15 minutos até a superfície. A operação ficou marcada como a primeira vez que um ser humano conseguiu ir tão fundo no oceano.
Três anos depois, o submarino foi aposentado e, eventualmente, a tecnologia dos batiscafos foi substituída pelas sondas robóticas, uma vez que um submarino tripulado é considerado inútil nesse tipo de profundidade por ser impossível que alguém saia dele para investigar o local.