Artes/cultura
04/07/2021 às 06:00•2 min de leitura
Conhecido por ser um detector de mentiras, o polígrafo mede e registra a pressão arterial, o pulso, a respiração e a condutividade da pele, enquanto a pessoa é questionada e responde a uma série de perguntas.
É por meio de respostas diferentes das que são sugeridas pelos indicadores fisiológicos que é determinado as respostas enganosas. Contudo, não existe uma reação associada especificamente à mentira, o que dificulta o trabalho de diferenciar os mentirosos dos que estão dizendo a verdade.
É por isso que os examinadores do polígrafo costumam desenvolver o próprio método de pontuação, pois conseguem ter uma avaliação e resultado mais fidedigno ou quase isso.
Ao longo de vários anos, psicólogos e agências de segurança nacional tentaram desenvolver um detector de mentiras que fosse considerado infalível – e por muitos anos o polígrafo foi considerado um deles.
(Fonte: Truth Verifier/Reprodução)
Segundo o historiador Ken Alder, em seu livro The Lie Detectors: The History of an American Obsession, desde 1858 que os cientistas tentam ligar os sinais vitais às emoções. O fisiologista francês Étienne-Jules Marey fez isso primeiro na década de 1850, anotando respostas de mudanças corporais a estressores, incluindo náuseas e ruídos agudos.
A década de 1890 é considerada a época em que surgiu o primeiro interesse das autoridades no polígrafo como um detector de mentiras contra todos os tipos de criminoso. Cesare Lombroso, um criminologista italiano, teria usado uma luva especial para medir a pressão arterial de um suspeito durante um interrogatório. Ele acreditava que os criminosos – especialmente os assassinos – faziam parte de uma "raça distinta e inferior" e que sua luva seria uma maneira de verificar isso.
(Fonte: Time Magazine/Reprodução)
Em 1906, o polígrafo começou a se tornar o que é hoje: um amontoado de vários instrumentos, cada qual com sua função. O primeiro deles foi criado em 1906 pelo cardiologista britânico James Mackenzie, que mediu o pulso arterial e o representou por meio de linhas contínuas no papel.
Perto do início da Primeira Guerra Mundial, o psicólogo Hugo Münsterberg usou vários instrumentos, incluindo o polígrafo, para registrar e analisar sentimentos subjetivos, defendendo que a máquina deveria ser implementada no Direito Penal.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Cativado pela visão de Münsterberg, William Marston trabalhou com o psicólogo em Harvard para inventar um medidor de pressão arterial sistólica, que investigaria as ligações entre sinais vitais e emoções. Durante testes em alunos, Marston registrou uma taxa de 96% de sucesso na detecção de mentirosos.
O fim da guerra marcou a disseminação pelos Estados Unidos do conceito de uma polícia que fosse uma força de combate ao crime mais orientada pela ciência e pelos dados.
John Larson, um policial novato e PhD em Fisiologia, interessou-se pelo artigo de 1921 de Marston, intitulado Physiological Possibilities of the Deception Test, e decidiu melhorar a técnica proposta a partir de sua criação: um cardio-pneumo-psicograma.
(Fonte: ThingLink/Reprodução)
Foi Larson que estabeleceu o protocolo de perguntas sim ou não para criar uma amostra de linha de base para o polígrafo perfeito. Ele teve a permissão de August Vollmer, chefe de polícia da Califórnia, para testar seu equipamento.
Ao todo foram 861 indivíduos testados em 313 casos, corroborando 80% de suas descobertas. Convencido de sua eficácia, Vollmer ajudou a promover o primeiro polígrafo completo.
Apesar de o detector de mentiras nunca ter sido totalmente aceito nos tribunais dos Estados Unidos, ele se tornou parte quase integral no ramo da investigação criminal, sendo popularizado especialmente pelo Departamento Federal de Investigação (FBI) e pelo Exército.
Ao longo dos anos, a tecnologia do polígrafo foi evoluindo, indo do monitoramento de sinais vitais básicos ao rastreamento de ondas cerebrais.