Animais devem mudar de nome para evitar conexões com o colonialismo

19/07/2021 às 13:012 min de leitura

Após a assinatura de milhares de pessoas em petição pública, ativistas norte-americanos do grupo Bird Names for Birders solicitaram a alteração em nomes de espécies de pássaros, exigindo a remoção de designativos que façam referências a antigos colonizadores e defensores da escravidão.

Desde a morte de George Floyd em 25 de maio de 2021, protestos antirracistas vêm ocorrendo em massa no mundo e contam com ampla participação popular e da mídia, especialmente na América do Norte e Europa. Recentemente, a derrubada da estátua do traficante de escravos Edward Colston (1636-1721), responsável por gerar riqueza a partir do transporte e da negociação de 84 mil homens, mulheres e crianças, parece ter inflamado não somente manifestantes de Bristol, no sul da Inglaterra, mas também ornitólogos e especialistas em insetos, que levaram os questionamentos para suas áreas de estudo.

(Fonte: Flickr / Reprodução)(Fonte: Flickr / Reprodução)

Segundo o Bird Names for Birders, a proposta de revisionismo se concentra em remover “nomes colonizadores nocivos” que possam ser, de alguma forma, considerados ofensivos para minorias. Isso porque boa parte dos nomes de espécies de pássaros foram dados em homenagem a personalidades europeias de destaque que surgiram até o início do século XIX, como foi o caso do general confederado John McCown, que já teve sua referência — Rhynchophanes mccownii — retirada dos livros de ornitologia.

Com a força que a discussão ganhou nas últimas semanas, principalmente após o apoio da Royal Society for the Protection of Birds e do coletivo Flock Together, tudo indica que novas correções devam ser realizadas em breve. No momento, os principais alvos são o pássaro Towsend’s warbler, batizado em homenagem a John Kirk Townsend, e a National Audubon Society, associação fundada em 1905 por John James Audubon, pesquisador vinculado à escravidão.

(Fonte: Pinterest / Reprodução)(Fonte: Pinterest / Reprodução)

Além dos pássaros, os insetos foram outro grupo que adquiriu visibilidade com a onda de protestos e a Entomological Society of America (ESA) rebatizou nomes como os das mariposas-ciganas e formigas-ciganas após considerá-los ofensivos. A pulga-de-rato-oriental, a formiga-asiática e outros também tiveram suas nomenclaturas alteradas.

Discordância entre autoridades

Em entrevista ao The Telegraph, Bo Bealey, uma das maiores autoridades mundiais em ornitologia, afirmou não acreditar que os nomes devam ser revisados, mesmo que haja “centenas deles ligados a personagens duvidosos”. Sua sugestão, então, seria instruir a comunidade e fornecer mais detalhes sobre a origem dos nomes científicos, de forma a eliminar os riscos de uma reescrita da história.

“Teríamos que renomear não apenas os pássaros, mas toda uma infinidade de coisas que assumiram o nome de alguém. Você teria que passar tudo por um pente fino e descobrir que está derrubando um grande número de pessoas porque eram colonialistas e ignorantemente racistas, como a maioria das pessoas no poder no século XIX”, conclui.

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