Round 6: o perigo da falta de filtro diante das crianças

13/10/2021 às 11:002 min de leitura

Para quem ainda não conhece, Round 6 é uma série coreana que tem feito muito sucesso na Netflix. O enredo envolve a história de pessoas endividadas que podem ser resgatadas da crise financeira por meio de um jogo perigoso. A história suscita o debate de uma série de narrativas sobre a sociedade: o que leva algumas pessoas a arriscar tudo por dinheiro? Quais são os valores da vida? O que seria, de fato, a felicidade?

No entanto, há uma questão que precisa ser abordada: o fato de o programa só poder ser acompanhado por maiores de 16 anos, segundo a recomendação oficial. Porém, não é isso que acontece na prática. Exemplo disso é que, recentemente, uma escola no Rio de Janeiro revelou que crianças de 7 e 8 anos têm comentado o assunto nos horários livres e feito brincadeiras que, na série, relacionam-se com o assassinato de personagens.

Tal situação evidencia o quanto é necessário algum tipo de controle por parte dos pais, afinal, a série apresenta cenas de violência explícita, tortura psicológica, suicídio, tráfico de órgãos, sexo e palavras de baixo calão. Portanto, a atenção é necessária, pois são crianças comentando o assunto como se fosse algo normal o fato de elas assistirem.

Ao entrarem em contato com conteúdo de cunho violento, as crianças e os adolescentes acabam “normalizando” o tema e tomando isso como algo comum, tornando-se mais reativas e agressivas. Nessa fase da vida, ainda esse grupo de pessoas são imaturas e muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes. Além disso, nessa idade o cérebro tem menos “freios” na regulação das emoções.

A escola é o ambiente que mais se assemelha ao lar, com leis e regras, mas também acolhimento e amor. Por todo segmento educacional, com interface da saúde mental, profissionais estão preocupados com a repercussão dessa série. As crianças tendem a fazer o que veem, não o que os pais e professores sugerem.

Diante desse cenário, a ação preventiva preconiza o controle de tempo e de conteúdo da tela para crianças e adolescentes. É importante considerar ainda que a criança não tem a mesma percepção preventiva do adulto, já que a região do lobo frontal, relacionada à tomada de decisões, à lógica e à prevenção está em formação, assim como a cognição com base na experiência não está desenvolvida.

São discernimentos diferentes na percepção do adulto e da criança. Nesse caso, recomendo aos pais que se deve ter cuidado ao acesso das crianças e explicar com argumentos coerentes para a faixa etária, de maneira que entenda o real e o abstrato, assim como suas consequências.

A série utiliza brincadeiras simples de criança como “Batatinha frita 1,2,3”, “Cabo de guerra”, “Bolas de gude” e outras, para assassinar a “sangue frio” as pessoas que não atingem o objetivo final. A produção estreou na plataforma de streaming no dia 17 de setembro e já ultrapassou o recorde de audiência na Netflix de Bridgerton, que acumulou mais de 82 milhões de espectadores após o lançamento no Natal de 2020.

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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências com o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; PhD em neurociência pela Logos University International/City University. É também mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; pós-graduado em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal e em Neurociência, Neurociência Aplicada à Aprendizagem, Neurociência em Comportamento, Neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil. Conta com especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, Neuroscience em Harvard (EUA). É bacharel em Neurociência e Psicologia pela EBWU e licenciado em Biologia e História pela Faveni do Brasil; tecnólogo em Antropologia pela UniLogos (EUA); com especializações em Inteligência Artificial na IBM e programação em Python na Universidade de São Paulo (USP); e MBA em Psicologia Positiva na Pontifícia Universidade Católica (PUC).

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