Estilo de vida
14/10/2021 às 11:00•3 min de leitura
Os humanos costumam se dar muito bem com cães e gatos, mas, de vez em quando, algumas pessoas aparecem com alguns pets menos convencionais. Tirando as crianças dos anos 1990 com Free Willy, é raro alguém pensar nas gigantes baleias como animais adequados para conviver com humanos, né? Até porque elas vivem na água, e a gente se afoga nela.
Porém, alguns depoimentos e vídeos sobre baleias parecendo ser gentis com humanos deixaram muita gente com "a pulga atrás da orelha", nesse sentido. Como neste vídeo recente, que é possível ver abaixo, em que uma baleia franca se aproxima de uma mulher e parece querer brincar com ela. O enorme animal parece se comportar como um cachorrinho. Veja-o:
Indo direto ao ponto, a resposta é: não dá para ter absoluta certeza.
O que sabemos é que as baleias são animais bastante inteligentes, com cérebros bastante desenvolvidos. Além disso, elas exibem hábitos sociais complexos, como criação de famílias, formação de amizades, além dos laços de sangue e comunicação por sons.
Elas têm culturas regionais, com sotaques próprios nas vocalizações, além de chamar umas às outras por nomes. Elas agem seguindo conceitos complexos, como empatia e luto. Algumas são até capazes de imitar a fala humana.
Ainda assim, uma das únicas espécies de baleia que foram mantidas em cativeiro com sucesso até hoje foram as belugas — além dos golfinhos, que tecnicamente são baleias, porém a gente deu outro nome. Isso porque, no fim das contas, as baleias ainda são animais selvagens, agem por instinto e têm comportamentos que não podemos prever. A maior parte das baleias morre em cativeiro, então nunca conseguimos domesticá-las para ter a certeza de como se comportam, assim como fizemos com cães, gatos, cavalos e outros bichos.
Por isso, não é muito indicado chegar perto de uma e tentar tratá-la como pet, a não ser que você seja especialista no assunto. Pode ser que ela seja uma querida, como a baleia franca do vídeo acima, mas pode ser que ela tente engolir seu caiaque, como neste outro vídeo abaixo.
É fato que os encontros entre baleias e humanos são mais raros do que nossos encontros com outras espécies. Desse modo, qualquer história acaba chamando muita atenção e alimentando o nosso viés de confirmação.
Em resumo, a gente lê uma história ou outra sobre baleias sendo legais com humanos e acha que esse é o comportamento natural dos bichos. Quando, na real, não temos a comprovação estatística disso ou estudos científicos que comprovem a relação das baleias com a gente. O que sabemos é que elas são muito legais entre si. Mas uma coisa é diferente da outra, né?
Quanto às histórias com tubarões, há uma teoria bastante plausível para isso: baleias odeiam esses bichos, e algumas espécies até se alimentam deles. Então é meio natural que elas ataquem tubarões, mesmo que não haja nenhuma pessoa por perto.
Dito isso, por mais que existam casos de orcas que mataram seus treinadores, é difícil ver ataques de baleias contra humanos. Para as baleias que não tem dentes (isto é, que não são orcas, golfinhos ou narvais) é fisicamente impossível engolir um humano inteiro por suas gargantas serem relativamente pequenas.
Metro/Reprodução
Sobre as histórias de baleias que salvaram humanos de afogamento, voltamos à história de elas serem legais entre si. Esses animais estão acostumados a cuidar de filhotes — não apenas dos seus, mas de outros do grupo — e de animais mais fracos. Elas precisam subir à superfície para respirar e puxar seus bebês para isso até que eles aprendam a respirar sozinhos. Desse modo, a teoria é que as baleias nos percebem como outro mamífero que precisa respirar — um filhote pequeno, talvez — e é instintivo nos jogar para cima. Até para nós, humanos, é instintivo achar filhotes de outros mamíferos fofos.
Por fim, o vídeo do caiaque pode ser explicado pelo fato de que baleias francas costumam viver na superfície e ficam curiosas com coisas que ocorrem em seus domínios, como embarcações de humanos. É comum que baleias se aproximem e "surfem" nas ondinhas formadas por navios de observação, mas isso está mais relacionado à curiosidade com os objetos.
Em resumo, não encontramos estudos que comprovem um apreço especial das baleias pelos humanos. O que existem são anedotas e relatos isolados — mas nada que deva nos convencer a entrar no mar e tentar interagir com uma. Se quiser ver uma delas de perto, procure passeios com especialistas no assunto.