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04/11/2021 às 06:30•2 min de leitura
Na última sexta-feira (29), um evento incomum viralizou na web, quando a empresária carioca Thassynara Vargas, de 25 anos, revelou ter sido infectada por um gongolo, popularmente conhecido como piolho-de-cobra, após calçar um sapato. As imagens mostram que seu dedo ganhou um aspecto de necrosado depois de ter contato com o animal, com a unha adquirindo tons amarelados e apodrecidos.
Em depoimento publicado nas redes sociais, Thassynara comentou que havia matado o diplópode logo após identificá-lo no interior do sapato, sem ter nenhum tipo de contato inicial com a criatura. Já despreocupada, foi necessário apenas poucas horas para que a jovem percebesse uma inflamação aguda em seu dedo do pé, algo que a levou ao desespero e a uma consequente ida imediata para um hospital.
Chegando lá, a vítima foi informada que o piolho-de-cobra, apesar de não ser um bicho venenoso, libera uma substância tóxica que queima e necrosa a pele, principalmente se o contato com o tecido humano ocorrer de forma prolongada. O recurso é um artifício de defesa comum para o animal e se destaca por ser liberado quando ele se sente ameaçado. Assim, tudo indica que o gongolo despejou o conteúdo instantes antes de ser morto.
O piolho-de-cobra, também conhecido como gongolo ou embuá, não é um piolho e não é um parasita de cobras, e sim "um primo distante" das lacraias que chama a atenção pelo comportamento inofensivo e pela velocidade de reprodução. Seu corpo, segmentado com até cem patas e capaz de atingir 10 centímetros de comprimento, apresenta adaptações noturnas e prefere ambientes fechados, apesar de se adaptar facilmente a todo tipo de clima.
Segundo o Instituto Butantan, o animal detém um sistema de defesa muito similar ao do potó (Paederus irritans), liberando uma substância tóxica quando é esmagado e um cheiro característico baseado em cianeto de hidrogênio quando se sente ameaçado. Essa combinação possibilita o surgimento de sintomas visíveis em pessoas que têm contato com a toxina, mas age em graus diferentes de acordo com a intensidade da liberação e com as dimensões do espécime em questão.
"Os gongolos têm como umas das formas de defesa soltar uma secreção com cheiro e sabor característicos para afastar os predadores. E foi isso o que aconteceu, quando a empresária vestiu o tênis, ele soltou essas substâncias que acabaram ficando em contato com o pé dela mesmo depois que o gongolo foi retirado do calçado, causando essa pigmentação escura nos dedos e amarelada na unha", explicou o biólogo Cláudio Souza, do Instituto Vital Brazil.
Segundo o especialista, como não há um tratamento específico para essa condição, são utilizados anti-inflamatórios e outros medicamentos relacionados ao quadro, além de acompanhamento clínico.