Artes/cultura
21/11/2021 às 11:00•2 min de leitura
Pesquisadores da Georgia State University descobriram durante estudos sobre as regiões mais profundas do cérebro que o consumo de sal pode afetar a relação entre as atividades neurais e o aumento do fluxo sanguíneo no local. A pesquisa foi publicada no site Call Reports e atestou que o consumo excessivo modifica as respostas de funções corporais críticas, podendo gerar, em casos mais avançados, distúrbios neurológicos.
(Fonte: Shutterstock)
O estudo teve como base o hipotálamo e contou com uma abordagem que combina técnicas cirúrgicas e neuroimagem de última geração. A proposta visou analisar o comportamento da relação conhecida como acoplamento neurovascular, processo natural do organismo causado pelo aumento da demanda de oxigênio e nutrientes que resultam no aumento do fluxo sanguíneo em determinada área do corpo. Segundo cientistas, o método vem sendo eficaz na identificação de distúrbios neurológicos e surge como um dos principais meios para o diagnóstico de atividades incomuns no cérebro.
Atualmente, especialistas em Neurologia foram capazes de determinar de que forma o fluxo sanguíneo muda em resposta a estímulos sensoriais (como visuais ou auditivos) vindos do ambiente, mas pouco era conhecido sobre o impacto motivado por estímulos produzidos pelo próprio corpo. Porém, ao utilizar o sal em um novo método, resultados surpreendentes apontaram efeitos adversos, com a redução do fluxo sanguíneo após a liberação do hormônio vasopressina, regulador da concentração de sal.
Shutterstock (Fonte: Shutterstock)
“Escolhemos o sal porque o corpo precisa controlar os níveis de sódio com muita precisão. Temos até células específicas que detectam a quantidade de sal no sangue”, disse o professor de Neurociência Javier Stern, que é líder da pesquisa. “Quando você ingere comida salgada, o cérebro percebe e ativa uma série de mecanismos compensatórios para reduzir os níveis de sódio. As descobertas nos pegaram de surpresa porque vimos vasoconstrição, que é o oposto do que a maioria das pessoas descreve no córtex em resposta a um estímulo sensorial", ele explicou.
A reação do sal, intitulada “acoplamento neurovascular inverso”, é um fenômeno que diminui o fluxo sanguíneo e pode causar hipóxia, situação que ocorre devido à insuficiência da quantidade de oxigênio transportada para os tecidos corporais. De acordo com o estudo, quando esses efeitos estão relacionados ao hipotálamo, é possível adquirir, a longo prazo, sintomas como dor de cabeça, sonolência, desmaios e até mesmo mal de Alzheimer.
(Fonte: The Harvard Gazette / Reprodução)
“Se você ingerir muito sal cronicamente, terá hiperativação dos neurônios de vasopressina. Esse mecanismo pode então induzir hipóxia excessiva, o que pode levar a danos nos tecidos cerebrais”, disse Stern. “Se pudermos entender melhor esse processo, podemos conceber novos alvos para interromper essa ativação dependente de hipóxia e talvez melhorar os resultados de pessoas com hipertensão dependente de sal”, ele afirmou.
As descobertas surgem como um alerta para pessoas hipertensas, já que de 50% a 60% dos casos da doença crônica são referentes ao aumento da pressão sistólica e diastólica nas artérias, causado pelas grandes concentrações de sal. Com isso, a equipe da universidade discute como pode redirecionar a pesquisa para a observação de outras regiões do cérebro, impulsionando a compreensão do comportamento de condições neurodegenerativas, depressão e obesidade.