Estilo de vida
27/12/2021 às 08:00•2 min de leitura
Um grupo de pesquisadores foi surpreendido ao encontrar pequenas manchas de prata nas fezes fossilizadas de uma minhoca pré-histórica, uma vez que não existem explicações atuais de como tal criatura poderia ter ingerido a substância. O achado se deu nas Montanhas Mackenzie, no Canadá.
Segundo os envolvidos, o cocô foi produzido por pequenas minhocas que habitavam o fundo do mar quando a região era coberta por um oceano durante o Período Cambriano, que ocorreu entre 543 milhões e 490 milhões de anos atrás. A maior das partículas de prata tinha cerca de 300 micrômetros de largura, o que foi considerado um tamanho razoável pelos pesquisadores dado o comprimento do animal analisado.
(Fonte: Pixabay)
Enquanto estudavam as fezes fossilizadas das minhocas, os cientistas encarregados descreveram a descoberta de resquícios de prata como algo "muito surpreendente". Em entrevista ao portal Live Science, Julien Kimmig, pesquisador que comandou a operação, afirmou que "É a primeira vez que vemos algo assim".
Segundo ele, a equipe ficou inicialmente confusa a respeito de a qual animal pertenciam os coprólitos (nome científico das fezes fossilizadas), porém, após a análise profunda de mais amostras de rochas, foi possível identificar vermes fossilizados ainda em suas tocas, as quais teriam sido construídas debaixo do mar.
"Tivemos sorte de encontrar algumas minhocas ainda presas nas rochas", disse Kimmig. O pesquisador também ressaltou que encontrar coprólitos em registros fósseis não é exatamente algo inovador para a ciência, mas que costuma ser bastante difícil para os cientistas identificarem a qual criatura as fezes pertencem.
(Fonte: Unsplash)
Embora o coprólito de fato tenha origem nas minhocas encontradas dentro das rochas, os pesquisadores acham altamente improvável que a prata tenha sido ingerida por elas. Após analisar os arredores do sedimento investigado, os cientistas determinaram não haver concentração suficiente de prata na região para explicar os pedaços de metal.
Além disso, a prata era considerada tóxica para alguns vertebrados, como as minhocas, apesar de essa hipótese nunca ter sido testada devidamente. Na visão de Kimmig, a prata nos cocôs de minhoca provavelmente é proveniente de uma colônia de micróbios que teriam extraído o metal de uma coluna d'água e o depositado nas fezes fossilizadas. Isso explicaria o porquê de a distribuição do metal ter acontecido de maneira tão uniforme, segundo o cientista.
(Fonte: Unsplash)
Para Kimmig, a parte mais impressionante das últimas descobertas é, sem dúvida, a forma como os micróbios (provavelmente bactérias) "mineraram" a prata por tanto tempo. "É fascinante ver o que as bactérias podem fazer com os metais. E sabemos que, hoje, elas podem extrair muitos outros tipos de resíduos da mineração, por exemplo", explicou.
O cientista ressaltou que esse processo é ainda mais impressionante quando se considera que ele já acontecia há cerca de 500 milhões de anos.