Estilo de vida
25/01/2022 às 02:00•2 min de leitura
O Janeiro Branco é uma campanha que visa chamar atenção da sociedade para a necessidade de cuidar da saúde mental e emocional. O mês de janeiro, que se encerra em breve, foi escolhido porque, de uma forma simbólica, é no início de ano que as pessoas tendem a refletir mais sobre suas vidas, emoções e questões existenciais.
É importante salientar que a saúde mental, muito mais do que um tema que está "na moda", é uma necessidade urgente. Em meu centro de pesquisas, recebemos dez vezes mais queixas e dados. Os profissionais da saúde mental no departamento que eu chefio apresentam um número alarmante de casos.
Além disso, o fato de o Brasil ser "o país mais ansioso do mundo" — segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) — tem relação direta com a violência enfrentada diariamente. Isso gera uma cultura de ansiedade que pode ser facilmente percebida no comportamento do povo brasileiro.
O ciclo de ansiedade é constante, funciona como uma pendência e faz parte do instinto para nossa prevenção. Saber que a violência existe já eleva a ansiedade, pensar que pode sair na rua e acontecer algo também, assim como ir dormir e qualquer barulho arremeter ao pensamento de que alguém pode estar invadindo a sua casa.
Existem diversas outras questões no cotidiano do Brasil que podem aumentar a ansiedade, como problemas políticos, econômicos, sociais e a própria pandemia. Afinal, por mais que a pessoa seja negacionista, qualquer doença pandêmica, por instinto, eleva a ansiedade, pelo receio, mesmo que inconsciente, de ser infectado. Isso é inevitável, assim como a ansiedade derivada da mudança da rotina.
A ansiedade busca na amígdala cerebral um mapa de memórias que possa ajudar a resolver determinada situação. Memorizamos com a emoção para nossa prevenção. Então, células de engramas são formatadas em situações de risco e ficam armazenadas, podendo ser recuperadas em situações de grande ansiedade, estresse e em busca de soluções. Isso é um mecanismo de defesa.
Quando um indivíduo está constantemente em um estado de ansiedade, a amígdala é moldada assim como outras regiões do cérebro, causando consequências como distúrbios, transtornos e doenças que podem levar à depressão e além de outros. É por isso que o brasileiro é o povo que mais acessa a internet, mais especificamente as redes sociais. Nelas, há uma busca inconsciente pela homeostase, liberando neurotransmissores da recompensa, entre eles, a dopamina, para uma satisfação momentânea que nos tira em instantes da atmosfera negativa.
Após um transtorno ser instalado, a capacidade de reconhecer o problema diminui, o que pode levar à negação. Para evitar esse cenário, recomenda-se dormir 8 horas por noite, realizar a dieta do mediterrâneo, praticar atividades físicas por pelo menos 30 minutos ao dia, utilizar menos as redes sociais e conviver com pessoas que não sejam negativas.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências com o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; PhD em neurociência pela Logos University International/City University. É também mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; pós-graduado em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal e em Neurociência, Neurociência Aplicada à Aprendizagem, Neurociência em Comportamento, Neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil. Conta com especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The Electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, Neuroscience em Harvard (EUA). É bacharel em Neurociência e Psicologia pela Emil Brunner World University (EBWU) e licenciado em Biologia e História pela Faveni do Brasil; tecnólogo em Antropologia pela UniLogos (EUA); com especializações em Inteligência Artificial na IBM e Programação em Python na Universidade de São Paulo (USP); e MBA em Psicologia Positiva na Pontifícia Universidade Católica (PUC).