Artes/cultura
04/04/2022 às 08:00•3 min de leitura
Os siameses estão entre as raças mais famosas de gatos: são conhecidos pelo corpo alongado e elegante, os olhos azuis e a pelagem acinzentada, com manchas escuras nas extremidades.
Outra grande diferença dos siameses está no comportamento, muito mais carinhoso. Enquanto outras raças de gato costumam ficar sozinhos numa boa, o siamês procura ficar mais perto dos seus humanos, gosta de brincar e demonstra afeto de várias formas. Há até quem diga que o comportamento do siamês parece mais com um cachorro que com um gato.
Mas por que esses gatinhos são tão diferentes? É difícil bater o martelo numa razão específica, porém muitas dessas características tão únicas do gato siamês tem relação com sua origem.
Imagem: Wikimedia Commons
A raça siamesa recebe esse nome por ser originária do Sião — antigo nome do país que hoje conhecemos como Tailândia. É pelo mesmo motivo que os gêmeos xifópagos eram chamados de siameses: os mais famosos, Chang e Eng Bunker, vieram do Sião.
Voltando aos gatos siameses, eles foram "descobertos" pelos ocidentais quando um general do país deu um bichano de presente para o embaixador britânico, no final do século XIX.
Conforme mais exemplares eram trazidos da Ásia, cada vez mais europeus se interessavam por aquele gatinho diferente, com comportamento super carinhoso. Isso levou às criações de siameses na Europa — e ao surgimento do "gato siamês moderno".
Sim, a raça siamesa conhecida na Europa e Estados Unidos é diferente daquela que veio da Ásia. Isso porque os criadores começaram a reforçar as características mais originais da raça: sua cabeça triangular, o corpo esguio e longo, os olhos azuis e a pelagem com tons escuros nas extremidades.
Laila, gatinha "sialata" que inspirou esse post. (Fonte: Arquivo pessoal)
A partir dos anos 1950, já era difícil dizer que o siamês europeu era o mesmo que o original e esforços para preservar as características do siamês "clássico" começaram em todo o mundo. Em 1990, eles foram diferenciados em duas raças: a siamesa "moderna", com características bem reforçadas, e a clássica, rebatizada como "Thai".
Apesar das diferenças na aparência, o comportamento carinhoso é bem parecido. Essa é uma característica marcante até nos mestiços de siamês, conhecidos popularmente como "sialata" — mistura de siamês com vira-lata. Em comum com os originais, os sialatas tem os olhos azuis e o pelo acinzentado com manchas escuras, embora corpo e cabeça sejam menos esguios.
Aliás, foi uma sialata que me motivou a escrever essa pauta. A Laila, gatinha adotada pelo meu namorado, tem todas as características físicas dos siameses clássicos. Além disso, ela é superapegada, ronrona com qualquer carinho na barriga e volta a miar loucamente para pedir mais atenção, várias vezes ao dia. Bem diferente do estereótipo dos gatos "independentes", né?
Imagem: Wikimedia Commons
Os gatinhos siameses (ou Thai) estão entre as primeiras raças de felinos domesticadas pelos humanos — há registros deles desde o século XIV, na Tailândia.
Ao longo da história, os siameses foram ganhando destaque na sociedade do antigo Sião: era costume local deixar esses gatos perto de pessoas que estavam morrendo, pois acreditava-se que eles "resgatariam" a alma do moribundo. Eles também se tornaram o animal de estimação favorito dos reis, que mantinham vários bichanos junto ao trono. Caso alguém ameaçasse o rei, os gatinhos siameses pulariam para protegê-lo.
Recebendo atenção humana há séculos, o companheirismo se tornou característica essencial para a sobrevivência dos gatos siameses — que passaram isso nos genes de seus sucessores, geração após geração. Além disso, os genes dos siameses acabam sendo bem "fortes", o que permite que suas características apareçam até nos gatos mestiços, como a Laila.
Em resumo, as origens longínquas na Ásia e a domesticação ao longo dos séculos estão entre as principais razões para os gatos siameses serem tão diferentes. Se você também é um feliz dono de um siamês — moderno, clássico ou sialata — deixe o seu comentário abaixo.