Por que nossa mente vagueia?

Você talvez já notou que uma das primeiras experiências mentais que se deu conta é de que sua mente tende a não ficar parada. Isto é, ela vagueia "por aí" com frequência, focando em coisas e lugares aleatórios.

A maioria de nós está familiarizado com isso. Você pode estar em frente ao seu computador vendo um vídeo, assistindo uma aula ou lendo este artigo e, de repente, sua mente está em outra coisa inteiramente diferente, e ela parece ter chegado lá puramente por vontade própria.

O “sonhar acordado”, ou como alguns pesquisadores preferem chamar, a perambulação ou divagação mental, é extremamente comum. Aliás, para a maioria de nós, isso acontece com tanta frequência que nem chegamos a pensar muito no assunto.

Mas, será que deixar nossa mente vagar por aí é algo positivo ou negativo?

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O que a ciência já sabe sobre a divagação mental?

A perambulação não intencional da mente acontece quando nossos pensamentos vagueiam por coisas que não estão ligadas à tarefa que estamos realizando.

Para alguns pesquisadores do tema, isso ocorre quando aquilo que estamos fazendo não é algo muito recompensador. Assim, nosso cérebro automaticamente procuraria coisas mais interessantes para se entreter.

Embora existam estudos apontando que nossas mentes vagueiam metade do tempo que passamos acordados, é importante ressaltar que existem pessoas lutando ativamente contra a divagação crônica. 

Por exemplo, indivíduos com TDAH podem experimentar muitos problemas nesse aspecto, sendo necessária a intervenção e o acompanhamento médico. Mas, para a maioria das pessoas, a perambulação mental pode ser positiva.

Tudo depende do conteúdo

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Nos últimos anos, alguns pesquisadores começaram a estudar o tema com mais profundidade na busca de uma melhor compreensão sobre os pontos positivos e negativos. Atualmente, cientistas apontam que a relação entre a divagação mental e o nosso humor pode ser algo muito mais complexo do que se imaginava.

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA), da University of British Columbia (Canadá), do Instituto Max Planck de Ciências do Cérebro Cognitivo Humano (Alemanha) e da Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), demonstra exatamente isso.

Por meio de um sistema de análise de ondas cerebrais, os cientistas conseguiram acompanhar em que regularidade as mentes dos participantes estavam divagando, bem como o que estavam sentindo no momento. Assim como em estudos anteriores, foi verificado que as pessoas tendiam a ter um humor negativo quando divagavam.

No entanto, quando os cientistas analisaram o conteúdo dos pensamentos dos participantes durante a perambulação mental, encontraram um aspecto interessante: se as mentes dos envolvidos estivessem voltadas para reflexões sobre o futuro ou em pensamentos gentis, seus humores ficavam mais positivos. 

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E tem mais, essas pessoas apresentavam níveis maiores de ideias inspiradoras e criativas. Contudo, alguns especialistas apontam que o nosso estado de humor também pode influenciar no tipo de divagação. Por exemplo, se o indivíduo está feliz, é provável que sua mente viaje para temas felizes.

Ainda sabemos muito pouco sobre a divagação mental

O psicólogo Jonathan Smallwood, que estuda esse tema há mais de 25 anos, já havia identificado algo parecido. Em suas pesquisas, ele também descobriu que mentes mais felizes tendem a vagar e refletir sobre o futuro, enquanto as mais infelizes voltam para o passado.

Smallwood ressalta que, mesmo considerando que determinados tipos de perambulação mental, especialmente os que envolvem assuntos negativos ou problemas não resolvidos, possam estar relacionados a determinados distúrbios mentais,  como ansiedade e depressão. Ainda assim, sonhar acordado não é uma perda de tempo como parte das pessoas pode imaginar.

No entanto, o especialista destaca que mesmo com os últimos estudos esclarecedores, os dados ainda são poucos para termos uma compreensão sobre como tudo isso funciona.