Estilo de vida
20/10/2022 às 08:00•2 min de leitura
Pela primeira vez, um grupo de cientistas encontrou microplásticos no leite materno, colocando a sociedade em alerta sobre os possíveis riscos que isso pode representar para a saúde dos recém-nascidos.
Como sugere o próprio nome, eles são minúsculas partículas de plástico com menos de cinco milímetros de diâmetro. Elas causam poluição ao meio ambiente a partir de diversas fontes como embalagens de alimentos, cosméticos, roupas e processos industriais.
Os microplásticos foram descobertos pela primeira vez no início da década dos anos 2000, mais precisamente em 2004. Desde que começaram a ser estudados, pesquisadores já os encontraram em todos os lugares, como na neve ártica, fundo dos oceanos, gelo antártico, peixes e outros frutos-do-mar, água potável e até no sal de cozinha.
Embora pequenos, os pedaços de plástico podem levar várias décadas para se degradarem por completo.
(Fonte: Shutterstock)
A pesquisa realizada em Roma, na Itália, analisou amostras do leite materno de 34 mães saudáveis, uma semana após elas terem dado à luz. Ao fazer as análises, os pesquisadores encontraram microplásticos em 26 delas. Isso significa que 75% das amostras estavam contaminadas.
O estudo em questão, publicado na revista científica Polymers, apontou a presença de microplásticos compostos por polipropileno, PVC e polietileno.
Os plásticos que usamos em nosso dia a dia são cheios de substâncias químicas nocivas à saúde humana e ao meio ambiente, a exemplo dos ftalatos, que já foram encontrados anteriormente no leite materno.
(Fonte: Shutterstock)
Nesse estudo, os pesquisadores levantaram dados sobre o consumo de bebidas e alimentos das mães comercializados em embalagens plásticas, bem como a ingestão de frutos-do-mar. Também foram considerados o uso de produtos de higiene pessoal.
Ainda mais preocupante, o estudo deixa claro que os microplásticos estão onipresentes no meio ambiente, tornando praticamente impossível ao ser humano evitar a exposição a eles. A mesma equipe por trás dessa pesquisa descobriu, em 2020, a presença de microplásticos na placenta humana. Outras pesquisas também encontraram partículas de plástico no sangue humano e no leite de vaca.
Nos últimos anos, diversas pesquisas têm sido realizadas com o intuito de compreender melhor os danos que os microplásticos podem causar à saúde humana, incluindo os bebês. Estudos laboratoriais em animais e em células humanas já revelaram que eles podem causar efeitos tóxicos, sendo que alguns tipos de plásticos foram associados ao câncer.
(Fontes: Shutterstock)
Com base nos dados disponíveis, os cientistas acreditam que os microplásticos possam agir como irritantes, da mesma maneira que as fibras de amianto, que são conhecidas por causar câncer e inflamar os pulmões. Alguns estudos sugerem que os microplásticos ainda podem atuar como vetores de produtos químicos tóxicos e microrganismos, representando ainda mais riscos para a saúde humana.
Além dos potenciais danos citados acima, há análises apontando que essas partículas ainda podem funcionar como desreguladores endócrinos, afetando a função hormonal normal, podendo causar uma série de problemas, como ganho de peso e alterações no metabolismo.
Obviamente, tudo isso é ainda mais complexo quando se trata de mulheres grávidas, especialmente pela falta de dados sobre como os microplásticos podem prejudicá-las, assim como aos seus bebês.