Estilo de vida
27/10/2022 às 08:00•2 min de leitura
A ciência está em constante evolução, sempre embasada por estudos que cada vez mais se aprofundam nas nuances e interconexões do nosso organismo. Nos últimos dias, um novo estudo apontou que distúrbios mentais podem ser identificados via exame de sangue, confirmando a abordagem apresentada por mim em 2020, no estudo Psicoconstrução - A arquitetura da mente humana: da memória, passando pela hipófise protegida pelo esfenóide, até o eva mitocondrial.
No estudo que publiquei, são apresentadas algumas relações entre partes físicas do corpo e nossa mente, além de ressaltar a complexidade do corpo humano e como o sistema nervoso se interliga com as demais estruturas do corpo desde a sua concepção até o seu desenvolvimento.
(Fonte: ljubaphoto/Getty Images)
O conceito é simples, a presença de transtornos mentais está ligada à presença de diversos biomarcadores RNA e alterações bioquímicas e moleculares, e a identificação dessas alterações – estima-se que existam mais de 2 milhões – podem revelar a presença dos transtornos psiquiátricos.
No mesmo estudo, sugiro a realização de exames de sangue e/ou genéticos como forma de detecção mais abrangente desse tipo de condição mental, envolvendo todas as nuances do problema e, assim, traçar tratamentos mais assertivos, conseguindo detectar transtornos psiquiátricos através da identificação de biomarcadores.
Normalmente, o diagnóstico desse tipo de distúrbio é baseado quase que exclusivamente em análises clínicas, o que pode gerar conclusões subjetivas e atrasar o diagnóstico, mas a identificação desses biomarcadores pode facilitar e tornar mais assertiva a detecção de transtornos psiquiátricos.
(Fonte: Edwin Tan/Getty Images)
As novas conclusões foram apresentadas pelo atual estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Newcastle, na Austrália, que reforçam a existência de biomarcadores que podem ser localizados no sangue e possuem relação causal com transtornos psiquiátricos, abrindo margem para uma nova abordagem no tratamento desses transtornos direcionado para esses traços bioquímicos.
Ambos os estudos convergem para um ponto em comum, agora ainda mais embasado e reforçado cientificamente, da necessidade de exames mais globais para o diagnóstico de transtornos psiquiátricos e que, a identificação dos biomarcadores que indicam a presença desses transtornos pode ajudar a tratá-los de forma melhor direcionada.
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Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, é um Pós-doutor e PhD em neurociências, mestre em psicologia, licenciado em biologia e história; também tecnólogo em antropologia com várias formações nacionais e internacionais em neurociências e neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat e da Society for Neuroscience, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva. Membro Mensa, Intertel e TNS.