Baleia mais solitária do mundo pode não estar tão sozinha assim

29/10/2022 às 08:002 min de leitura

Em 1992, um estudo utilizando hidrofones no chão de Puget Sound, nos Estados Unidos, identificou um barulho que parecia ser o canto de uma baleia. No entanto, o barulho chegava a uma frequência de 52 hertz — muito diferente do canto de qualquer outra conhecida na região.

Logo, o animal observado passou a ser apelidado de "baleia de 52 hertz", considerada a baleia mais solitária do mundo por viver em um ambiente hostil. Porém, novos estudos vêm questionando o fato desse animal ser tão solitário assim. Ficou curioso para saber mais sobre esse caso? Entenda mais sobre a situação nos próximos parágrafos!

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O canto das baleias

Em 1993, o pesquisador Christopher Willies Clark, da Universidade de Cornell, fez novas gravações da baleia de 52Hz. Conforme ele explicou em seu relatório, esse som não era tão anormal quanto parecia ser originalmente. Segundo Clark, existem diversas características que mostram que essa criatura tem um canto muito parecido com o de uma baleia azul — apesar de a espécie ser conhecida por cantar numa frequência entre 15 e 20Hz.

Vale ressaltar que apesar do indivíduo em questão ser tratado como "ele" pelos biólogos, não há nenhuma informação a respeito de seu gênero ou espécie concretamente. Mesmo assim, ao analisarem os padrões migratórios encontrados dessa criatura, é possível notar que sua sazonalidade é relativamente idêntica a das baleias azuis. 

Os estudos do passado mostram que outros cantos foram escutados ao mesmo tempo em que foi possível identificar a baleia de 52Hz, o que daria indícios de que esse animal talvez não estivesse nadando não sozinho assim. "Baleias azuis, baleias-comuns e baleias jubarte: todas essas baleias podem ouvir esse cara, elas não são surdas. Ele é apenas estranho", afirmou em seu estudo.

Campanhas de crowdfunding nas redes sociais tentaram ajudar com recursos para encontrar essa baleia solitária, mas nenhum progresso foi feito até então. Existem muitas gravações sobre a diferente canção de 52Hz, mas ainda ninguém encontrou essa criatura vagando por aí. 

Canção coletiva

jamesteohart/Getty Images(Fonte: jamesteohart/Getty Images)

Outro fator destacado pelos pesquisadores para excluir a hipótese de "baleia mais solitária do mundo" é o fato de que o som identificado pelos hidrofones talvez não pertença a um único animal. Em 2010, um sensor na costa da Califórnia captou chamadas que pareciam seguir o mesmo padrão encontrado por Clark em 1993, mas que apareceram em sensores amplamente separados.

Em outro relatório, John Hildebrand, da Scripps Institution of Oceanography, observa que isso significa que vários animais podem estar cantando a mesma canção em diferentes partes do oceano. De todo modo, ainda é preciso mais objetividade por parte da comunidade científica para encontrar esse ou esses indivíduos.

Apenas uma busca concentrada pela espécie cantora da música de 52Hz já seria capaz de sanar todas as dúvidas existentes até hoje, mesmo que isso signifique encontrar apenas um indivíduo solitário ou um grupo híbrido de baleias. Enquanto isso, nos resta esperar e apreciar o belíssimo som emitido por esses animais que vagam por um vasto oceano. 

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