Ciência
15/11/2022 às 10:07•2 min de leitura
Um estudo publicado recentemente na Royal Society Open Science revelou que cientistas encontraram moldes do primeiro fóssil completo do extinto ictiossauro, destruído em 11 de maio de 1941 após uma bomba nazista atingir o Royal College of Surgeons em Londres, Inglaterra. Embora tenham considerado perdido o fóssil, pesquisadores identificaram vestígios em Harvard, Estados Unidos, e em Berlim, Alemanha, e reagiram com alívio às condições de preservação das peças.
Curiosamente, os dois moldes do "monstro marinho" eram desconhecidos pela comunidade acadêmica e estavam em ótimas condições quando foram registrados, especialmente se comparado ao estado de preservação do fóssil original. Na década de 1940, o artefato desapareceu permanentemente dos anais históricos ao lado de milhares de espécimes mantidos em coleção, mas arqueólogos conseguiram resgatar a essência da criatura após explorarem as imediações de antigos museus.
“Descobrimos dois moldes de gesso do espécime, embora não existam registros de moldes feitos”, explicaram Dean Lomax, paleontólogo da Universidade de Manchester, e Judy Massare da Universidade Estadual de Nova York, autores principais do projeto. “Significativamente, estes verificam a precisão do desenho publicado do espécime e esclarecem a morfologia de alguns dos ossos.”
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
Segundo eles, o primeiro molde surgiu durante uma expedição realizada em 2016 no Museu Peabody, Estados Unidos, onde havia a intenção de identificar uma possível existência de ictiossauros esquecidos. Após coletar a peça, Lomax percebeu haver resgatado uma cópia do fóssil, originalmente descoberto por volta de 1818 pela icônica exploradora Mary Anning e patenteado pelo Royal College of Surgeons no ano seguinte.
Como se não bastasse o achado histórico, o pesquisador encontrou um segundo molde em 2019, enquanto explorava os arquivos do Museu de História Natural em Berlim, Alemanha. Com as pesquisas realizadas anteriormente, foi fácil identificar que a peça se tratava exatamente de outra cópia do ictiossauro, porém em um estado de preservação muito melhor, se comparado ao de seu "primo distante".
“Considerando que o original foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial”, observaram Lomax e Massare em seu estudo, “é um tanto irônico que o elenco em melhores condições esteja no Museu de Berlim”.
A ilustração comparativa abaixo mostra que o fêmur do ictiossauro parece “mais fino” e “mais simétrico” no desenho do que no molde de Berlim. Além disso, a existência de quatro ou cinco pequenos ossos na barbatana frontal esquerda nunca foi observada em outros indivíduos estudados. E vale lembrar que essa imagem pode aumentar em breve, pois aparentemente uma terceira cópia foi encontrada em Bonn, Alemanha.
(Fonte: Royal Society Open Science / Reprodução)
Agora, os idealizadores do projeto acreditam que as pesquisas possam encorajar arquivistas de museus a dar uma nova olhada sobre o que realmente há em suas coleções. Há muito o que ser observado e compartilhado entre os vestígios da história da vida na Terra.