Ciência
27/12/2022 às 04:00•2 min de leitura
Dizem que se você colocar um sapo dentro de uma panela com água quente, o bicho rapidamente salta para fora; mas se deixá-lo dentro do recipiente e for esquentando a temperatura da água lentamente, o animal fica lá dentro até morrer fervido.
Ainda que a ideia seja bastante difundida, muita gente não faz ideia de sua origem e, mais ainda, se essa história é verdadeira ou não passa de apenas mais um mito. Descubra agora!
A resposta para tal questionamento é, digamos, um tanto flexível. Acontece que lá atrás, no século XIX, o médico fisiologista alemão Friedrich Goltz resolveu testar se animais tinham ou não almas. Caso as tivessem, onde elas ficavam armazenadas?
Considerando o conceito de Eduard Pflüger, outro estudioso e fisiologista, de que a alma ficava na espinha dorsal, Goltz resolveu testar a ideia.
(Fonte: Shutterstock)
Seu experimento consistia em botar sapos dentro de panelas com água fria e aumentar a temperatura gradualmente. Segundo o filósofo inglês George Lewes, os sapinhos morriam quando o líquido chegava aos 40?°C, afirmando que os animais ficavam lá paradinhos enquanto a água fervia, sem parecer sentir dor e sem tentar escapar da panela. Outros cientistas fizeram experimentos semelhantes e alcançaram resultados similares, o que parecia indicar que a teoria era real. Certo? Nem tanto.
Acontece que, antes de passar pela experiência, os animais eram submetidos a um procedimento em que seus cérebros eram espetados e basicamente "desligados", para evitar sofrimento. O procedimento era bastante comum e tido como uma alternativa "mais humana" de usar bichos em experiências científicas – e Goltz queria testar se a alma salvaria o sapo da morte mesmo sem o auxílio do cérebro.
Para saber se esse "desligamento" das funções cerebrais impactava no experimento, Goltz resolveu testar a teoria em sapos intactos. Segundo ele, os bichos agora mostravam certo desconforto quando a água chegava aos 25?°C, começando a ficar bastante agitados, e vindo a óbito quando a temperatura batia os 42?°C. Outros cientistas testaram o mesmo experimento e chegaram a conclusões similares.
(Fonte: Shutterstock)
Mais recentemente, estudiosos como o Dr. George R. Zug refutaram completamente a teoria de que os sapos simplesmente se deixam ferver até a morte. Segundo ele, "se o sapo tiver uma forma de sair [da panela], ele certamente vai sair." Douglas Melton, professor de Biologia na Universidade de Harvard, reafirma a ideia de que assim que a temperatura subir o sapinho vai saltar para fora do recipiente.
Melton explica que o sapo não suporta água quente demais porque seus músculos param de funcionar em temperaturas muito altas, impedindo sua fuga e resultando em morte certa. Mas, em condições normais, os bichinhos certamente dariam um jeito de fugir da água quente.
Embora o dito popular continue sendo muito usado até hoje, parece que a história realmente não passa de apenas mais um mito.