Artes/cultura
06/03/2023 às 02:00•3 min de leitura
Por muito tempo a criogenia parecia um assunto saído da ficção científica e que era pouco levado a sério na ciência. Porém, muito mais do que congelar pessoas para tentar trazê-las de volta à vida, essa é uma técnica bastante antiga e que possuí várias aplicações na medicina. De tratamento de câncer a preservação de embriões e células-tronco, confira abaixo seis experimentos que ajudam a contar a história da criogenia.
(Fonte: Nature)
James Arnott foi um médico inglês e um dos precursores da crioterapia. Ele foi o primeiro a utilizar o frio extremo para destruir tecidos e em 1819 usou a crioterapia para congelar tumores mamários e uterinos durante o tratamento de pacientes com câncer. Além de ter desenvolvido um equipamento próprio para seus tratamentos, Arnott é conhecido por ter realizado a primeira criocirurgia, em 1845. Ainda hoje, a crioterapia é usada para tratar vários tipos de câncer.
Foto de uma câmara criogênica (1966). (Fonte: SFGATE)
Em 1965, Wilma Jean McLaughlin quase se tornou a primeira pessoa congelada criogenicamente. Após ter falecido em consequência de problemas cardíacos e circulatórios, seu marido decidiu doar seu corpo para a The Life Extension Society — uma organização que se oferecia para congelar uma pessoa gratuitamente. O experimento foi abandonado depois que a empresa que deveria fornecer a capsula para armazenar o corpo de McLaughlin alegou problemas técnicos no aparelho. Embora tenha sido tecnicamente um experimento fracassado, ele possibilitou que a Life Extension Society pudesse realizar seu primeiro congelamento criogênico de um ser humano algum tempo depois.
(Fonte: Kriorus/Reprodução)
James Hiram Bedford foi um professor de psicologia na Universidade da Califórnia que se tornou o primeiro humano a ser congelado criogenicamente e armazenado na esperança de um dia ser revivido. Ele tinha tanta esperança na criogenia, que deixou US$ 100 mil para pesquisas criogênicas quando ele faleceu, em 1967. Desde então, seu corpo já passou por diferentes empresas que preservam corpos humanos. Atualmente ele está sendo preservado pela Alcor Life Extension Foundation, uma organização americana sem fins lucrativos que pesquisa e realiza criogenia de cadáveres e cérebros humanos. O dia 12 de janeiro, data em que Bedford foi criopreservado, ainda é conhecido como “Dia de Bedford” por aqueles que trabalham no campo da criogenia.
Jeté Laurence em 'Cemitério Maldito' (2019). (Fonte: IMDb)
Em 1972, Geneviève de la Poterie se tornou a primeira criança congelada criogenicamente. Ela faleceu em decorrência de um câncer renal, aos 8 anos. A Life Extension Foundation, organização que ficou responsável por preservar o corpo da criança, não realizou o procedimento da maneira correta. Com isso, a situação do corpo acabou piorando sem chance de ser trazido de volta à vida. Seu corpo passou aos cuidados da Cryonics Society of California até 1994, quando um problema técnico fez com que diversos corpos que estavam sendo armazenados se deteriorassem, entre eles o de Geneviève.
Embrião humano. (Fonte: Wikimedia Commons)
A partir da década de 1970, a criogenia se concentrou em preservar células humanas para diferentes tipos de tratamento. A técnica já era bastante conhecida, mas teve um novo avanço quando o primeiro embrião humano foi criopreservado em 1983. O feito foi conseguido por uma equipe de pesquisa médica da Monash University, na Austrália, que em 1971 deu início a uma pesquisa que sustenta a fertilização in vitro até hoje. Além disso, em 1983, o programa conseguiu os primeiros nascimentos de fertilização in vitro usando embriões congelados. Este experimento apresentou evidências de que embriões congelados por um tempo poderiam mais tarde ser implantados em um útero e se transformar em um feto. Desde então, a criopreservação de sangue humano, células-tronco, embriões, espermatozoides e óvulos esteve envolvida em mais de 300 mil nascimentos.