Seu cão entende palavras mais complexas do que você imagina

11/03/2023 às 11:00•2 min de leitura

Muita gente tem o costume de conversar com seus cães, falando frases inteiras e relatando ideias complexas para os bichinhos. Outras pessoas acreditam que eles não entendem nada, então falar qualquer coisa além de "senta" ou "rola" seria perda de tempo...

Na verdade, pode ser que os cachorros não compreendam ideias complexas, mas eles ouvem mais do que muitas pessoas imaginam. Eles são capazes de detectar que conjuntos de sílabas formam palavras — enquanto sons avulsos provavelmente não significam nada. A ciência sabia que bebês de oito meses podiam fazer isso, antes de aprender a falar, mas a novidade é saber que os cachorros têm a mesma capacidade.

Essa descoberta é resultado de um trabalho da Universidade Eötvös Loránd, da Hungria. Uma das autoras da pesquisa, Mariana Boros, afirma: "Essa é a primeira vez que mostramos que um animal não-humano pode fazer isso. Eles podem aplicar os mesmos cálculos que bebês usam para segmentar a fala". Interessante, não?

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Cães na ressonância magnética

Para descobrir isso, os cientistas trouxeram os animais para máquinas de eletroencefalograma e ressonância magnética. E sim, os cães participantes eram treinados para ficar sentadinhos e bem-comportados na hora do teste — o que já seria um desafio para a maioria dos bichos que a gente conhece, né?

Com o eletroencefalograma, os pesquisadores deixaram os cães brincar com seus tutores, enquanto monitoravam sua atividade cerebral. Além disso, tocaram sons gravados para ver qual seria a resposta.

Para começar, eles tocavam uma fala com palavras inventadas, variando a frequência dessas palavras. Essa fala era intercalada com sílabas isoladas. Depois, eles também tocaram essas palavras, isoladamente, e as sílabas.

Em resumo, o monitoramento mostrou que os cães conseguiam diferenciar as falas frequentes e isoladas, além de entender o que eram palavras completas e o que eram apenas silabas. Tal diferenciação é bem mais complexa e surpreendente.

Fonte: Grzegorz Eliasiewicz/Universidade Eötvös Loránd

Processamento semelhante ao dos humanos

Na ressonância magnética, os cães ouviram gravações de palavras repetidas em um padrão e de sílabas separadas dessas palavras. A ideia, aqui, era entender qual área do cérebro deles era ativada para fazer a diferenciação. E o resultado foi ainda mais interessante.

De modo geral, os gânglios basais respondiam às sílabas aleatórias, enquanto o córtex auditivo respondia às palavras estruturadas. Essa é uma área bem mais desenvolvida do cérebro — e a mesma que nós, humanos, usamos nesses processos. "Foi interessante ver que, também para os cães, o córtex auditivo tem papel importante na segmentação de palavras", afirma Boros.

Outros estudos ainda serão necessários para responder como os cachorros desenvolveram essa habilidade e se essa capacidade ainda pode evoluir na espécie. De qualquer maneira, é muito interessante saber que nossos amigos são tão inteligentes e capazes de compreender tantas coisas.