Cachorros de Chernobyl são geneticamente diferentes, diz estudo

13/03/2023 às 08:002 min de leitura

Centenas de cães de rua seguem vagando pela zona de exclusão de Chernobyl após 40 anos do desastre nuclear catastrófico que gerou fortes prejuízos ambientais e humanos para essa região na Ucrânia. Inclusive, muitos desses cães já são descendentes de animais de estimação que foram deixados para trás por famílias que fugiram do desastre.

Sem influência humana na área, esses animais conseguiram prosperar. No entanto, agora pesquisadores querem descobrir quais os efeitos potenciais da radiação de longo prazo nesses cães. Estudos recentes mostram que os cachorros que vivem dentro da zona de exclusão nuclear são geneticamente distintos de outros cães existentes nas áreas vizinhas. Entenda!

Estudos em Chernobyl

(Fonte: Repositório de imagens NZN)(Fonte: Getty Images)

Embora os cientistas já tivessem examinado anteriormente criaturas menores que vivem na região de Chernobyl, como pássaros, insetos e anfíbios, essa foi a primeira vez que um estudo decidiu examinar os efeitos potenciais da radiação em animais de grande porte na área. A equipe de pesquisa acredita que novas descobertas podem ajudar a entender o que a radiação de longo prazo significa para os seres humanos.

Publicano na revista Science Advances, o estudo examinou 302 cães que viviam a distâncias variadas da usina de Chernobyl, comparando esses resultados com os genes de cães que habitam entre 9 e 45 km de distância do local. Conforme aponta o documento, foi possível destacar uma diversidade genética muito mais baixa entre os cães de Pripyat — uma cidade próxima que foi abandonada após a catástrofe.

Entre cães na cidade de Chernobyl, uma área a 15 km da usina, e Slavutych, uma cidade para trabalhadores evacuados da usina a 45 km da região, a diversidade genética variou consideravelmente. Sendo assim, o resultado sugere que cães de cidades mais distantes raramente procriam com cães mais próximos do lugar da explosão.

Conclusões

(Fonte: Repositório de imagens NZN)(Fonte: Getty Images)

Apesar do estudo observar que as barreiras físicas entre as cidades da área também possam ter contribuído para as variações na diversidade genética dos cães, os pesquisadores levantaram a hipótese de que a exposição a longo prazo à radiação poderia explicar o porquê dos cães na zona de exclusão serem geneticamente distintos.

A expectativa é que estudos futuros possam mostrar efeitos mais definitivos da radiação nas populações caninas de Chernobyl e arredores, como suas diferenças genéticas podem afetar sua saúde, comportamento e aparência ao longo do tempo. Além disso, novos estudos também podem ajudar os cientistas a aprender sobre as mutações genéticas que ajudam os animais a sobreviver esse tipo de desastre.

Como cães e humanos tendem a compartilhar espaços e dietas semelhantes, futuros testes feitos em Chernobyl serão extremamente importantes para revelar os efeitos potenciais da radiação nas pessoas. Essa, inclusive, é a primeira vez que uma equipe de pesquisa tem uma oportunidade de fazer um trabalho tão significativo sobre um animal que reflete tão bem a experiência humana quanto os cachorros. 

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