Estilo de vida
19/03/2023 às 10:00•2 min de leitura
Pouco mais de dois anos atrás, em setembro de 2020, um filhote de urso "mumificado" foi encontrado no permafrost da Sibéria e deixou os cientistas bastante entusiasmados. Preservada pelo gelo, a carcaça do animal estava muito bem preservada — mas, no fim das contas, não era exatamente o que parecia.
O resultado da necropsia do imenso mamífero, que a comunidade científica esperava tratar-se de uma espécie extinta, foi um verdadeiro balde de água fria.
A carcaça, encontrada em 2020 por pastores de renas em Bolshoy Lyakhovsky, uma ilha remota no Mar Siberiano Oriental, chamou a atenção por estar muito bem preservada. Sua pele, pelos, nariz, dentes, garras e até mesmo seus órgãos internos e gordura corporal estavam em boas condições para o que acreditavam ser um Urso-das-cavernas (Ursus spelaeus), uma espécie extinta há cerca de 22 mil anos.
Cientistas acreditavam que filhote era um Urso-das-cavernas, extinto há mais de 22 mil anos
Apelidado como Etherican, em homenagem ao rio Bolshoy Etherican, onde foi encontrado, cientistas acreditavam que o filhote de urso teria morrido milhares e milhares de anos atrás e teria sido então preservado pelo extremamente frio gelo do permafrost siberiano. Na época, a descoberta de uma múmia em estado tão bem conservado foi recebida com muita empolgação, já que até então as demais carcaças de Ursos-das-cavernas eram basicamente ossadas de animais adultos.
Extinto há milhares de anos, no período do Último máximo glacial, o Ursus spelaeus chegava a medir cerca de 3,5 metros de altura quando de pé sobre as patas traseiras e pesava cerca de 1.500 quilos. A espécie é parente dos ursos-pardos e dos ursos polares, que também são animais enormes.
Uma análise mais recente feita pelo Lazarev Mammoth Museum Laboratory da North-Eastern Federal University (NEFU) em Yakutsk, no leste da Sibéria, mostrou que o urso não era bem o que esperavam. Em vez de um Urso-das-cavernas de mais de 22 mil anos atrás, o corpo seria na verdade de um Urso-pardo morto há 3.460 anos.
Carcaça encontrada na Sibéria era na verdade um Urso-pardo
O resultado da necropsia conduzida pelo time da NEFU mostrou que o Urso-pardo era uma fêmea de cerca de 1,60 metro de altura e pesava apenas 78 quilos. O animal devia ter entre 2 e 3 anos de idade quando morreu, tendo sinais de lesões na espinha dorsal que podem ter contribuído para sua morte.
Graças ao bom estado de conservação da carcaça, incluindo seus órgãos internos, cientistas puderam remover seu cérebro para futuros estudos e o exame também foi capaz de identificar a dieta do animal. A ursa vinha se alimentando de diversas plantas e pássaros, já que até mesmo as penas de sua presa permaneceram preservadas em seu estômago. Como ursos-pardos são onívoros, o conteúdo encontrado na barriga do animal reafirma a descoberta.