Demodex: o ácaro que acasala nos poros da pele pode estar em extinção

26/05/2023 às 09:002 min de leitura

Nada está exatamente limpo no mundo. De superfícies de objetos até o nosso próprio corpo – inclusive ele –, tudo está contaminado por vários tipos de germes e bactérias. A maioria das pessoas carrega ácaros pelo corpo, que podem ser transferidos de animais para humanos e vice-versa, cada um com uma espécie hospedeira preferida.

Nesse momento, existem ácaros microscópicos habitando os poros de sua pele, caminhando por suas sobrancelhas, cílios, olhos e boca. Esses são conhecidos como demodex, que têm aproximadamente 0,3 milímetros de comprimento.

Mas não se desespere, apesar de haver milhões deles caminhando pelo seu corpo a todo instante, você está seguro. Na verdade, a extinção dos ácaros que habitam os poros da pele pode nos colocar em risco.

Uma vida nada glamorosa

(Fonte: NPR/Reprodução)(Fonte: NPR/Reprodução)

Existem dois tipos diferentes de Demodex, o folliculorum e o brevis. Ambos possuem corpos longos e transparentes, cobertos por escamas, que os ajudam a se prender aos folículos pilosos. O que os difere, no entanto, é a maneira como dividem espaço no rosto.

O D. folliculorum prefere entrar nos folículos capilares, enquanto o D. brevis mergulha — literalmente — nas glândulas sudoríparas. Apesar de preferirem o rosto e os cílios, esses ácaros podem ser encontrados em qualquer parte do corpo, só que em número bem menor.

(Fonte: Tatiana Nahas/Reprodução)(Fonte: Tatiana Nahas/Reprodução)

A vida de um ácaro não é nada glamorosa — muito pelo contrário —, uma vez que eles se enchem de pele morta, morrem após duas semanas e seus corpos se quebram no interior dos folículos pilosos. O demodex usa os óleos que o corpo humano produz para abastecer suas sessões de acasalamento noturnais e, embora sua presença seja a culpa por condições que desencadeiam acne, rosácea e coceira no couro cabeludo, ele mantém os poros desobstruídos e livres dos óleos que contribuem para problemas de pele.

Considerados organismos comensais, não parasitários, ou seja, que apenas obtêm comida e abrigo de seus hospedeiros sem prejudicá-los, não podem ser removidos lavando o rosto ou com uma esfoliação vigorosa. Existem casos raros em que uma infestação deles pode fazer mal a uma pessoa, mas quase sempre em uma situação em que o sistema imunológico está vulnerável.

"Não devemos parar a natureza"

(Fonte: Fine Art America/Reprodução)(Fonte: Fine Art America/Reprodução)

Um novo estudo organizado pela Universidade de Bangor e da Universidade de Reading descobriu que a existência do D. folliculorum pode estar ameaçada. Analisando o DNA dos ácaros, foi descoberto que sua antiga relação com os humanos contribuiu para a perda de grande parte da variedade genética dos organismos. Isso significa que viver nos folículos do corpo humano os deixou com uma experiência genética tão isolada que eles estão se aproximando de uma espécie de "beco evolutivo".

Com pouco envolvimento entre si para acasalamento, os ácaros transmitiram ao longo dos séculos os mesmos genes, eliminando os que eram desnecessários. Uma vez que não conseguem se proteger da radiação ultravioleta, eles perderam o gene para produzir melatonina, a substância química que os animais noturnos usam para se manterem acordados à noite e que dividem como um subproduto do corpo humano para também alimentarem sua fecundidade.

(Fonte: BBC/Reprodução)(Fonte: BBC/Reprodução)

A análise do genoma dos ácaros revelou que eles só podem ser transmitidos de mãe para filho, portanto, nunca se misturarão com os de seu parceiro, não importa quantas vezes eles cruzem o caminho um do outro. À medida que as gerações acontecem, as diferenças no DNA dos ácaros se tornam cada vez menores, até que seu pool genético, algum dia, estará tão pequeno que eles serão extintos.

Para a nossa pele, essa não é uma notícia muito convidativa, porque pode significar poros mais obstruídos e uma aparência em tom e textura não muito equilibrados.

Quanto a evitar que esses ácaros sejam extintos, Alejandra Perotti, coautora da pesquisa sobre o demodex, sustenta a opinião de que não podemos parar a natureza e nem devemos. "Nossa pele saudável deve ser suficiente para manter populações saudáveis nas próximas gerações", afirmou ela.

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