Estilo de vida
29/05/2023 às 09:00•2 min de leitura
Na natureza, há cogumelos que podem ser consumidos pelos seres humanos, enquanto outros são bem perigosos e mortais por conta de seu veneno. Entre estes, podemos encontrar o Amanita phalloids, também conhecido como "chapéu-da-morte" graças à sua toxicidade. Porém, uma descoberta pode colocar um fim a essas ameaças.
Na edição mais recente da Nature Communications, foi revelado que um grupo de cientistas chineses conseguiu encontrar aquele que pode ser considerado o primeiro antídoto para a toxina desse fungo, responsável por mais de 90% das mortes por envenenamento.
Os responsáveis por essa descoberta são Qiaoping Wang e Guohui Wan, pesquisadores da Universidade Sun Yat-sen. Após verificar que a medicina tinha apenas um tratamento de suporte para oferecer aos que ingeriam esse cogumelo (que inclusive tem um sabor bom vindo do gorro, de acordo com quem o comeu por acidente e sobreviveu), eles decidiram investigar a fundo a natureza do A. phalloides.
Utilizando tecnologia de edição de genes CRISPR-Cas9, eles conseguiram criar um pool de células humanas para testar os tipos de mutações que ajudariam as células a sobreviver ao contato à alfa-amantina. Esta é a substância liberada na toxina do cogumelo, que é capaz causar vômitos, convulsões, danos hepáticos graves e a morte na maior parte dos casos.
(Fonte: Dreamstime/Reprodução)
Após uma primeira triagem, eles descobriram que as células que não possuem uma versão funcional da enzima STT3B conseguem sobreviver à toxina em questão. Ela faz parte de uma via bioquímica que leva moléculas de açúcar às proteínas, e a sua interrupção impede a entrada de toxina nas células e, por consequência, o avanço do envenenamento.
Após essa descoberta, a equipe fez uma busca entre aproximadamente 3.200 compostos químicos, descobrindo que o verde de indocianina (ICG), um corante fluorescente medicinal, é capaz de ajudar no tratamento do envenenamento.
Após um teste em camundongos, foi revelado que o ICG possui uma eficiência de 50% no grupo que recebeu o tratamento (a taxa de morte foi de 90% no grupo não tratado).
“O verde de indocianina tem um imenso potencial para o tratamento de casos de envenenamento humano por cogumelos e pode ser o primeiro antídoto específico com uma proteína-alvo. Isso poderia salvar muitas vidas se fosse tão eficaz em pessoas quanto em camundongos”, comentou Wang em entrevista à AFP.