Artes/cultura
25/07/2023 às 11:00•2 min de leitura
Os tubarões que habitam a costa da Flórida, nos Estados Unidos, podem estar “viciados” em cocaína após consumirem parte das toneladas de drogas despejadas no mar por traficantes tentando escapar das autoridades locais. A possibilidade foi levantada por pesquisadores marinhos, desconfiados dos comportamentos dos animais.
A desconfiança surgiu depois que o biólogo marinho Tom Hird e a engenheira ambiental Tracy Fanara realizaram experimentos para verificar se os animais consomem os narcóticos jogados ao mar e como isso os afeta. A investigação começou após as histórias de tubarões viciados ganharem força entre os pescadores que trabalham por ali.
Pacotes com grandes quantidades de drogas têm sido encontrado nas praias da Flórida ao longo das últimas décadas, deixados para trás por criminosos em fuga. Dados da Guarda Costeira dos EUA indicam que mais de US$ 186 milhões em narcóticos, o equivalente a R$ 879 milhões pela cotação do dia, foram recuperados na costa da região somente em junho.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Em entrevista ao The Guardian no sábado (22), Fanara comentou que uma abertura mínima desses pacotes é capaz de espalhar a cocaína na água com facilidade, devido à alta solubilidade do composto químico. Dessa forma, é “muito plausível” que as drogas estejam afetando a vida marinha, especialmente os tubarões.
Nos mergulhos para determinar se a substância química está sendo consumida pelos animais, os pesquisadores se depararam com comportamentos incomuns de algumas espécies de tubarões. Conhecido por evitar as pessoas, o tubarão-martelo chegou perto do grupo nadando de forma “errática”.
Já um tubarão-cinzento foi flagrado nadando em círculos e com o olhar fixo em uma área na qual não havia nada que o chamasse a atenção. Além disso, a equipe jogou pacotes parecidos com os usados pelos traficantes, na água, que acabaram imediatamente atacados pelos predadores.
(Fonte: Getty Images/Reprodução)
Outro experimento consistiu no uso de bolas de iscas cheias de farinha de peixe altamente concentrada, simulando a cocaína, para verificar a reação dos bichos. “Isso deixou seus cérebros em chamas. Foi uma loucura”, comentou Hird no documentário "Cocaine Sharks", que será exibido pelo Discovery Channel esta semana, acompanhando a pesquisa.
Além da cocaína, é possível que os tubarões e os demais habitantes do mar estejam sendo afetados por outras substâncias químicas jogadas ao mar, não apenas pelos traficantes. Anfetaminas, cafeína, antidepressivos, lidocaína e remédios de controle da natalidade são alguns dos produtos citados.
Apesar dos comportamentos estranhos apresentados pelos “tubarões-cocaína” no estudo, os pesquisadores disseram que isso não necessariamente confirma o consumo da droga pelos animais. Há muitos outros fatores capazes de explicar as mudanças observadas durante a investigação.
Os experimentos precisariam ser repetidos várias vezes para conclusões completas a respeito do suposto vício dos animais na substância química. A equipe também pretende analisar amostras de tecido e sangue dos tubarões para verificar evidências de cocaína nos tubarões.