Estilo de vida
25/09/2023 às 02:00•2 min de leitura
O homem já cometeu uma boa quantidade de atrocidades no mundo que contaminaram profundamente a natureza. O que nem todo mundo sabe é que várias dessas ações impactaram também nos animais que vivem em certos habitats.
Há casos terríveis de espécies que se tornaram radioativas por conta de resíduos gerados após testes nucleares realizados nos locais onde elas viviam. Neste texto, trazemos quatro exemplos de quando isso aconteceu.
(Fonte: Getty Images)
Entre 1948 a 1958, os Estados Unidos realizou testes nucleares no Atol Enewetak. O objetivo era desenvolver armas poderosas que pudessem ser usadas durante as guerras.
Mais tarde, em 1977, o governo norte-americano começou a limpar o atol, e os materiais radioativos acabaram sendo enterrados em uma das ilhas. Entretanto, estudiosos acreditam que os sedimentos podem ter contaminado a lagoa do atol, e os resíduos foram provavelmente engolidos pelas tartarugas, que ficaram radioativas. A outra hipótese é que eles tenham contaminado as algas marinhas, que serviam de alimentação para elas.
Um estudo fez uma análise nessas tartarugas e encontrou vestígios de radiação em seus cascos. Segundo Cyler Conrad, pesquisador do Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico, a situação constatada nesses bichos é muito grave. "Eu não tinha uma noção completa de quão difundidos esses sinais nucleares estão no meio ambiente. Tantas tartarugas diferentes em tantos locais diferentes foram moldadas pela atividade nuclear que ocorreu nesses locais", afirmou.
(Fonte: Getty Images)
Nas florestas da Baviera, alguns javalis foram analisados e foi constatado que eles tinham níveis surpreendentes de radiação. Acredita-se que isso seja uma consequência da catástrofe ocorrida na Central Nuclear de Chernobyl, em 1986, no país vizinho, a Ucrânia.
Conforme este estudo, até 68% dos javalis dessa área podem estar contaminados por césio. Eles podem ter recebido a radiação ao consumir trufas que absorveram a precipitação nuclear. Nas línguas dos animais analisados, foram encontrados 15 mil becquerels de radiação para cada quilo de carne, número que ultrapassa muito o limite de segurança europeu.
Segundo Georg Steinhauser, radioquímico da Universidade de Tecnologia de Viena, que liderou o estudo, inicialmente os pesquisadores duvidaram que estes animais poderiam ter tanto césio em seu organismo. Depois de checarem os dados novamente, concluíram que “os javalis estão transportando muito mais césio radioativo de armas nucleares antigas do que deveriam”.
(Fonte: Getty Images)
Os efeitos de Chernobyl são observados até hoje em boa parte da Europa. E um lugar particularmente atingido foi a Noruega, onde caíram gotas de chuva radioativa. Esta precipitação foi absorvida por cogumelos e líquenes, que são muito vulneráveis à radiação porque absorvem nutrientes pelo ar.
Em seguida, estes organismos foram consumidos pelas renas, que passaram a apresentar, depois do incidente em Chernobyl, níveis de radiação superiores a 100.000 becquerels por quilograma.
Hoje, algumas décadas depois, os líquenes já foram eliminados, o que significa que a radioatividade das renas também baixou. Mas ainda há contaminação eventualmente identificada em cogumelos, plantas, animais e pessoas.
(Fonte: Getty Images)
No Japão, um problema semelhante envolveu os macacos de cara vermelha. Em 2011, houve um colapso na Usina Nuclear de Fukushima Daiichi, fazendo com que a concentração de césio entre os macacos disparasse para 13.500 becquerels por quilograma.
Os animais absorveram a radiação comendo brotos e cascas de árvores, além de outros alimentos, como cogumelos contaminados com césio. Os cientistas agora investigam a suspeita de que os macacos que nasceram depois deste acidente nuclear podem ter desenvolvido cabeças menores e apresentado atrasos no crescimento.