Artes/cultura
04/10/2023 às 06:30•2 min de leitura
O fundo do mar, que abrande águas abaixo dos 200 metros, é lar para cerca de um milhão de espécies que se adaptaram a um ambiente inóspito e extremo. Por conta disso, muitas dessas criaturas precisam encontrar soluções igualmente extremas para conseguir sobreviver e isso também inclui suas vidas sexuais.
Encontrar um parceiro reprodutivo nem sempre é uma tarefa tão fácil assim, considerando toda a escuridão das profundezas do oceano. Por conta disso, o explorador oceânico Jon Copley decidiu pesquisar mais a respeito da surpreendente vida sexual dos animais que vivem nos cantos mais escuros do nosso planeta. Os resultados foram publicados no livro The Deep Sea: 10 things you should know ("O mar profundo: 10 coisas que você deveria saber" em tradução livre).
(Fonte: GettyImages)
Em sua obra, Copley destaca que todos os animais no mundo enfrentam os mesmos tipos de situação: procurar comida, evitar serem comidos por predadores, encontrar companheiros, reproduzir-se e encontrar um lar definitivo. Isso não é diferente para as criaturas do fundo do mar, mesmo que alguns aspectos sejam bem peculiares.
Tendo em mente que a comida é relativamente escassa nessa parte do mundo, essas criaturas precisam batalhar para sobreviver. Isso também pode acabar dificultando o encontro com um membro de sua espécie do sexo oposto para reprodução. Como resposta, alguns animais do fundo do mar adotam uma abordarem "oportunista" para o acasalamento.
Em diversas espécies de lulas e polvos de águas profundas, por exemplo, os machos tentam acasalar com qualquer parceiro potencial que surgir pela frente — independente de ser do mesmo sexo ou da mesma espécie. Isso pode ser visto no acasalamento das lulas, que acontece quando um macho passa um pacote de espera por uma ranhura em um dos tentáculos no corpo da fêmea.
Acontece, no entanto, que as lulas macho também podem ser encontradas carregando os pacotes de esperma de outros indivíduos. Isso indica uma tentativa de acasalamento por outro macho, mas que não pode ser bem sucedida.
(Fonte: GettyImages)
Entre os animais que vivem no fundo do mar, muitas vezes as fêmeas precisam desenvolver técnicas para manter um macho à mão capaz de fertilizar seus ovos. Sendo assim, muitas delas desenvolveram práticas extremas. Amêijoas e algumas espécies de tamboril, por exemplo, carregam pequenos machos acoplados em seus corpos para usá-los como "acessórios".
Dessa forma, eles sempre estarão prontos para fertilizar os ovos quando necessário. Em algumas espécies de vermes comedores de ossos, uma fêmea pode ter até mesmo um "harém" de uma dúzia ou mais de machos, cada um cerca de 100 vezes menor do que ela, pendurados em ganchos microscópicos.
Nessa parte do planeta, também podemos encontrar os "românticos". Em outras espécies, o macho funde sua boca no corpo de uma fêmea em um beijo que dura para o resto da vida. Com isso, todo o suprimento de sangue dele se junta ao dela e eles não podem mais se separar. Ele se torna um fornecedor parasita de esperma, nutrido pela fêmea por meio de uma circulação compartilhada.
Todas essas técnicas são relativamente diferentes do que podemos encontrar ao analisar as atividades sexuais de outras espécies que andam pelo mundo. Porém, é inegável dizer que os animais do fundo do mar souberam se adaptar para poder viver em um ambiente onde nenhuma outra criatura viva pensaria em chegar perto.